Silvio Almeida

Advogado, professor visitante da Universidade de Columbia, em Nova York, e presidente do Instituto Luiz Gama.

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A última estação

A esperança de uma vida decente só poderá surgir com a derrota de Bolsonaro

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O desastre personificado em Jair Messias Bolsonaro trouxe a alguns de nós a consciência acerca do caráter existencial da política. Sob seu governo pudemos sentir como a política é capaz de nos conduzir aos abismos mais profundos do sofrimento e da perversidade e, ao mesmo tempo, produzir expectativas em torno de uma vida emancipada, digna e solidária.

Diante disso tudo, as eleições de domingo nos levaram ao que se chama de "situação-limite". Domingo estaremos todos nós diante de uma experiência lancinante, de um ponto de não retorno na vida brasileira, com fortes repercussões mundiais.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) - Evaristo Sá - 26.out.22/AFP

E a responsabilidade do momento nos exige dizer de modo alto e claro: Jair Bolsonaro é uma ameaça existencial.

Se há pessoas que, compreensivelmente, ainda tenham dúvidas sobre em quem votar devido à espessa redoma de desinformação que recobre o país, há outras, sem embargo, que compreendem perfeitamente o perigo que Bolsonaro representa.

Jair Bolsonaro jogou o país no caos, aprofundou a corrupção e potencializou a pobreza. Sua reeleição, portanto, não somente coloca em risco a democracia e as liberdades individuais, mas torna impossível o soerguimento de uma economia forte e soberana, capaz de dar conta das necessidades básicas do povo brasileiro.

Pelo contrário: esta Folha noticiou que sob a administração de Jair e de Paulo Guedes, 10 milhões de brasileiros adentraram a condição de miséria. E não bastasse, em reportagem da Revista Piauí, o jornalista Breno Pires –o mesmo que já havia nos revelado o esquema de corrupção denominado de "orçamento secreto"– mostrou que foi gestado no Palácio do Planalto, por militares vinculados ao presidente, uma "Política Nacional de Longo Prazo" a ser enviada ao Congresso Nacional e que pretende direcionar o Brasil nos próximos trinta e seis anos, ou seja, até 2059.

Não, você não leu errado: é um plano para os próximos nove mandatos presidenciais feito pelo governo Jair Bolsonaro e que não contém nenhuma formulação clara sobre fome, pobreza ou corrupção. O que se pode concluir a partir disso é: 1) que o governo Bolsonaro é coerente, pois é, de fato, um governo autoritário que sempre manteve um firme compromisso com o aumento da fome, da pobreza, da corrupção; 2) que a fome, a pobreza e a corrupção são elementos intrínsecos à forma de governar de Jair, um governo sempre a favor dos ricos e visceralmente contra os pobres.

E se atentarmos ao que foi feito nos últimos anos com a Amazônia e com as políticas de proteção ambiental, certamente nós daremos conta do perigo que uma eventual reeleição de Jair representa para todo o planeta.

Diante de tantas informações importantes e da experiência dos últimos anos, sabemos com quem e com o que estamos lidando. Os cidadãos que expressam seu apoio a Jair Bolsonaro —com destaque para certos políticos, artistas, jornalistas e empresários— sabem muito bem o que estão fazendo e de que lado estão.

O mesmo pode ser dito sobre os veículos de imprensa que em seus editoriais estabelecem falsas equivalências entre Lula e Bolsonaro. Também têm consciência do que estão fazendo com o Brasil. Vamos aos fatos: não existe nada que se compare ao que tem sido o governo Bolsonaro. Nada que se compare em termos de incompetência, corrupção e perversidade.

Não é possível colocar na mesma frase "apoio à democracia", "desenvolvimento econômico" e "voto em Jair". Nenhum candidato na história recente do Brasil flertou com o nazifascismo; nenhum candidato na história recente do Brasil se portou como um arruaceiro ou disse as coisas que o presidente-candidato disse. Nenhum candidato demonstrou tão abertamente seu desprezo em relação a mulheres, negros, indígenas e pessoas LGBT. Nenhum candidato foi tão insensível ao sofrimento do povo brasileiro como é o senhor Jair Bolsonaro.

Quem é verdadeiramente democrata, quem de fato se importa com os trabalhadores e trabalhadoras deste país, quem é sinceramente contra a corrupção e quem genuinamente acredita na liberdade tem como única alternativa neste domingo o voto em Luiz Inácio Lula da Silva. É preciso tirar Bolsonaro do poder a fim de que possamos continuar lutando para, quem sabe um dia, fazer nascer um novo país.

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