Bons talentos. Jogadores em grandes clubes europeus. Atletas com experiência em ligas fortes. Um ídolo histórico do país no comando. Título continental. Chaveamento sem Brasil e Alemanha por perto. Argentina? Lá longe. O segundo melhor jogador do mundo no elenco. Mesmo sem contar de qual país estamos falando, seria simples de imaginar o potencial de ir longe na Copa.
Seria. Mas teve a fíbula. Cirurgia na perna direita. E Sadio Mané, um dos supercraques do Mundial de futebol de 2022, está fora do torneio. A contusão tirou o elemento que permitia o olhar menos severo para a falta de peso na camisa da equipe.
Senegal continua com um bom time. O goleiro Mendy (Chelsea), o zagueiro Kalidou Koulibaly (Chelsea), o volante Idrissa Gueye (Everton) e o meio-campista Nampalys Mendy (Leicester City). Todos na Premier League, a mais forte da atualidade. Formam uma base competitiva. O país ainda é favorito para classificar junto à Holanda, em um grupo com Qatar e Equador. Mas e depois?
Na fase eliminatória, Mané é o tipo de jogador de que os times precisam, especialmente os menos badalados, para resolver um jogo enroscado, para ser aquele diferencial que surpreende equipes mais tradicionais. Nenhum zagueiro poderia se dizer tranquilo tendo Sadio no comando do ataque adversário.
Prever resultado no futebol é futerologia e caminho quase certo rumo a passar vergonha. Não farei, não. Mas arrisco dizer que vi neste Senegal potencial para tornar-se a seleção africana a ir mais longe na história das Copas.
Apenas três equipes do continente chegaram às quartas de final de uma Copa. Camarões (1990), Senegal (2002), e Gana (2010), a que esteve mais perto. Os ganeses perderam um pênalti no último minuto da prorrogação contra o Uruguai.
As seleções africanas começaram a participar da Copa do Mundo de futebol no torneio disputado em 1934, com o Egito. Depois de um hiato, retornaram à competição somente em 1970, com o Marrocos.
Antes da década de 70 era um período no qual os países, em grande parte, lidavam com a luta pelo fim da colonização. Não que a questão geopolítica na região tenha sido simples também, depois. Sem contar o desinteresse do torneio na participação deles.
Claro que tivemos grandes craques desfilando nos Mundiais de futebol por outras seleções africanas ao longo dos anos. Roger Milla e Samuel Eto'o em gerações diferentes de Camarões. Jay-Jay Okocha e Kanu, na mesma geração da Nigéria. Didier Drogba, pela Costa do Marfim, para ficar em alguns.
Entretanto, talvez eles não tivessem companheiros tão bem preparados. Talvez não tivessem um chaveamento viável (embora difícil). Talvez não tenham ido ao torneio embalados após um título continental. Certamente, não tiveram todos esses elementos ao mesmo tempo.
Liderado por Mané, Senegal foi campeão da Copa Africana de Nações, no começo deste ano. Pela primeira vez. O jogador já havia feito história pelo Liverpool e começava bem sua trajetória no Bayern de Munique. A empolgação era grande na tentativa de bagunçar a vida das grandes seleções.
Perde Senegal. Não se sabe o impacto que a ausência repentina desse tipo de jogador pode provocar no ânimo e na confiança do grupo.
Perde a Copa. O esdrúxulo regulamento da eliminatória africana para o torneio colocou na luta por uma única vaga as duas melhores seleções do continente. Pelos pés de Mané, Egito foi eliminado no embate. Outro craque, Mohamed Salah, ficou fora da Copa. Agora, Sadio Mané.
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