Thiago Amparo

Advogado, é professor de direito internacional e direitos humanos na FGV Direito SP. Doutor pela Central European University (Budapeste), escreve sobre direitos e discriminação.

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Descrição de chapéu Folhajus São Paulo

Marçal deve ser derrotado na Justiça e no voto

Se crimes eleitorais devessem ficar impunes, de nada serviria que a lei os previsse

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Não se deve minimizar o poder da candidatura de um coach estridente à prefeitura da mais populosa cidade brasileira. Primeiro, enquanto o candidato que divide a liderança nas pesquisas se ocupa de memes com a palavra "bolo" e a direita tradicional, dividida, patina, não se sabe ainda o seu teto de eleitores. Na liderança (em empate técnico triplo) da pesquisa Quaest, divulgada nesta quarta (28), Pablo Marçal (PRTB) não provou ainda se o teto do bolsonarismo é, de fato, o seu teto —ou se possui espaço para ultrapassá-lo.

E aqui vem o segundo ponto referente à força inédita de Marçal: é a primeira vez que surge uma força política bolsonarista sem o apoio direto de Jair Bolsonaro. Ao menos na aparência, Bolsonaro e seus filhos desprezam Marçal. Se não fosse o caso, Bolsonaro já teria decidido a eleição com a soma da intenção de votos de Nunes e Marçal e parte da direita tradicional. As cartas na manga de Bolsonaro no provável segundo turno em São Paulo não são ruins, portanto.

Pablo Marçal (PRTB), candidato a prefeito de São Paulo, faz caminhada na favela do Jaguaré, na zona oeste da cidade - Bruno Santos/Folhapress

É sintomático que, mesmo depois de quatro anos de Bolsonaro, outsiders como Marçal ainda tenham força política para, em tempo recorde, assumir a liderança para um cargo ao qual sejam por qualquer parâmetro ineptos. Na essência, Marçal é bolsonarista, seja no seu culto à ignorância, seja pela retórica personalista da teologia de coach em que o Messias é ele mesmo —ou ainda seja por nutrir redes de desinformação.

São Paulo precisa decidir se colocará na cadeira da cidade mais rica do país uma pessoa condenada por furto envolvida em uma quadrilha de fraude bancária.

Erra quem, como meu colega Joel Pinheiro, confunde democracia com luta livre, minimizando o abuso diário de poder econômico do exército digital de Marçal e suas mentiras reiteradas sobre uso de drogas por seu adversário. Eleição é um jogo em que o vencedor ganha se jogar pelas regras; sem a justiça procedimental, eleição vira pancadaria. Se crimes eleitorais devessem ficar impunes, de nada serviria que a lei os previsse.

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