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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Descrição de chapéu Copa do Mundo

Os melhores treinadores planejam bem e improvisam no momento certo

Brasil e Espanha são as duas seleções mais definidas na maneira de jogar e na escalação

Nos anos 1960, havia uma máxima de que futebol se ganhava no meio-campo. As grandes equipes tinham um volante, um meia armador habilidoso e criativo, geralmente o camisa 8, além de um ponta de lança, segundo atacante, artilheiro, quase sempre camisa 10, que voltava para receber a bola. Ele não participava da marcação. 

Com o tempo, houve uma burra divisão no meio-campo dos times brasileiros, entre os volantes, que marcavam e jogavam do meio para trás, e os meias ofensivos, que atacavam e atuavam do meio para frente. Desapareceram os grandes meias armadores. A transição da bola da defesa para o ataque passou a ser feita por chutões, lançamentos longos e avanços dos laterais.

 

Isso tem mudado, lentamente, para melhor, com a presença de meio-campistas que jogam de uma área à outra (os antigos meias armadores).

Apesar dos vícios acumulados durante longo tempo, como as bolas longas, os enormes espaços entre os setores e os excessivos cruzamentos para a área, o futebol tem evoluído no Brasil.

Nas equipes atuais, que jogam com dois volantes, um meia de ligação e dois jogadores abertos, o que é ainda o mais comum, o centroavante fica isolado, há pouca aproximação, pouca troca de passes e pouca penetração pelo meio.

O time atual do Brasil e todas as grandes seleções possuem variações no meio-campo. Neste domingo (3), contra a Croácia, vão jogar Fernandinho, Casemiro e Paulinho. Melhora muito a marcação e a proteção aos avanços de Marcelo.

Tite tem a opção, durante algumas partidas ou mesmo desde o início, contra adversários muito inferiores e retrancados, de colocar Coutinho ao lado de Paulinho, além de Casemiro. Sairia Fernandinho. O time fica mais ofensivo.

A declaração de Diego “pena eu não ir à Copa, mas a seleção também perde” é uma demonstração de soberba e falta de senso crítico. Ele também se expressou mal. Ele ia dizer que falta ao time brasileiro um armador com suas características, o que é correto. Diego ficou iludido com a atenção e os elogios que Tite fez a ele. Diego é um bom jogador, importante para o Flamengo, mas não tem talento para ser titular da seleção.

O futuro da equipe brasileira, nesta posição, serão Arthur, do Grêmio, e Paquetá, do próprio Flamengo, que estão na lista dos 35 inscritos na Fifa pelo técnico Tite.

O técnico Didier Deschamps, da seleção francesa, pela primeira vez, escalou os melhores do país na vitória por 3 a 1 contra a Itália, na sexta-feira (2). Kanté, Pogba e Tolisso formaram um trio no meio-campo e Dembélé, Mbappé e Griezmann um trio de ataque. O time ficou muito mais forte.

Brasil e Espanha são as duas seleções mais definidas na maneira de jogar e na escalação. Os melhores treinadores são os que planejam bem, definem com segurança e improvisam corretamente, no instante certo.

As principais seleções jogam hoje com muita intensidade e velocidade. Os analistas atuais, quando comentam pela TV a final da Copa de 1970, entre Brasil e Itália, adoram enfatizar, às vezes, com um desprezo modernista, o momento em que Gérson conduz a bola no meio-campo, andando, sem ninguém para pressioná-lo, uma imagem que se tornou símbolo do futebol lento do passado.

É óbvio que o futebol praticado hoje é muito mais veloz, porém, cada vez vejo mais, em todo o mundo, mesmo entre equipes grandes, um time trocar passes, no meio-campo e na intermediária, como faz o Grêmio, enquanto o adversário espera na entrada da área, para, depois, contra-atacar.

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