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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Combustível da alma

Não existe um só motivo que explique como um todo o sucesso do Flamengo

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Os humanos, especialmente os comentaristas de futebol, adoram descobrir uma única causa, um número mágico que explique o fato.

O Flamengo não tem uma excelente equipe somente por causa do técnico nem por causa dos bons jogadores. O time não é regular e brilhante apenas porque o treinador escala todos os titulares nem teve dificuldades contra o CSA, para o padrão habitual, porque os atletas estavam cansados.

Houve também outros motivos, como a boa atuação do CSA, os muitos erros técnicos, especialmente de Gabigol e de Bruno Henrique, e principalmente porque, após a goleada por 5 a 0 sobre o Grêmio, houve um alívio, uma descontração, uma paz excessiva e uma sensação de dever cumprido, sentimentos que precisam, rapidamente, acabar.

Bruno Henrique Gabigol celebram um dos gols recentes do Flamengo - Sergio Moraes - 20.out.19/Reuters

Há um conceito frequente e equivocado de que os grandes atletas, em todos os esportes, são tranquilos, sem problemas emocionais. É o contrário. A tensão é o combustível da alma. A ansiedade aumenta a produção de substâncias químicas e, com isso, a concentração, a agressividade, a força física e a velocidade. É o doping psicológico, desde que não ultrapasse certos limites, ao ponto de a mente perder o controle do corpo.

Pelé, o Rei, entrava no vestiário, antes do jogo, e ia para um canto. Deitava, esticava as canelas e fechava os olhos. Espantava o medo da derrota e do fracasso. Ninguém podia importuná-lo. Não sei se pensava no jogo, se dormia e/ou se sonhava, literalmente, com os gols que faria.

Eu, um bom coadjuvante, dormia mal na véspera das partidas. Quanto mais preocupado com o jogo, melhor atuava.

Não é correto dizer que Jorge Jesus escala todos os titulares em todas as partidas. Na maioria dos jogos, há sempre uns dois ou três de fora, por causa de convocações, suspensões e contusões. Assim é também na Europa. O Grêmio, se não tivesse escalado todos os reservas em muitos jogos, nos anos de 2016 e 2017, quando ganhou a Copa do Brasil e a Libertadores, teria chance de ter vencido também o Brasileiro.
Uma das razões de o Cruzeiro estar na zona de rebaixamento é ter escalado todos os reservas em vários jogos.

Jorge Jesus é um ótimo observador. A capacidade de ver, uma importante virtude que tem sido desprezada, é o farol que ilumina os números.

Não existe uma única razão que explique os fatos. O futebol e o mundo são muito complexos. Nós é que tentamos simplificá-los, com nossas racionalizações e lugares-comuns. O corpo e a alma funcionam por meio de associações biológicas, de pensamentos, de sentimentos e de ideias. Somos muitos em um só.
Cara a cara.

É dia de clássico. O Palmeiras tem duas caras, bem diferentes, uma de Felipão e outra de Mano Menezes. Precisa ter uma só. O São Paulo ainda não tem a cara, do jeito que conhecemos, de Fernando Diniz. O time está mais seguro, e isso pode ser uma evolução do treinador.

Por que escalar Daniel Alves no meio-campo? Uma coisa é ele jogar de lateral e, em determinados momentos, ir para o meio, para armar as jogadas, como sempre fez na carreira. Outra é ser escalado no meio-campo.

Na derrota do Atlético-MG para o São Paulo, o Galo jogou com o veterano e lento Leonardo Silva, de 40 anos, correndo atrás dos velozes garotos do Tricolor, e com o lento e grandalhão zagueiro Réver, de 34 anos, no meio-campo. Não dá. E ainda terminou o jogo com Ricardo Oliveira, de 39 anos.

Não dá também para ver o meio-campista Sánchez na reserva do Santos, ainda mais depois das explicações de Sampaoli.

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