Parafraseando uma das mais belas crônicas, poemas, do poeta e escritor Paulo Mendes Campos, “O amor acaba”, por dezenas de motivos. Parece certo que terminou o profundo e longo relacionamento afetivo entre Messi e Barcelona.
A gota d’água foi a derrota de 8 a 2 para o Bayern, pelas quartas de final da Liga dos Campeões. Messi se sentiu humilhado e já tinha avisado, após a perda do título espanhol para o Real Madrid, que a equipe, se não melhorasse, passaria por muitas vergonhas. Ele não sabia que seria tão grande.
O amor acabou muito antes, por causa das condutas da diretoria, como as de criticar os jogadores por algumas derrotas, pelas negociatas relatadas na imprensa e por não se empenhar na contratação de Neymar, a pedido de Messi, que queria fazê-lo seu herdeiro.
O fascínio terminou quando Messi viu também que a bola que saía de seus pés não voltava como ele queria e que tinha de fazer muito mais esforço para marcar seus gols. Viu que o Barcelona estava desajustado, ultrapassado. Constatou ainda o óbvio, que o tempo passa e que ele não é eterno.
O Barcelona implodiu. Não quer ficar mais com vários de seus principais jogadores, como Suárez, Rakitic, Busquets, Piqué e Jordi Alba, muitos deles da geração de Messi, formados em La Masia, centro de formação de jogadores do clube.
O clube catalão se iludiu que a grande geração de Messi, que teve também Xavi, Iniesta e Fàbregas, poderia ser replicada em laboratório e que haveria uma fórmula mágica de produção de craques. Da geração seguinte, ainda não surgiu nenhum fora de série, embora haja algumas promessas. A maioria já foi testada, não apresentou qualidades para jogar no Barcelona e foi cedida para times médios da Europa.
A estrutura física e técnica na formação de atletas é importantíssima, essencial, mas não é garantia que sempre surgirão craques. Algumas vezes, os fenômenos nascem do nada, sem explicação. Muitas grandes equipes da história foram formadas assim, por acaso.
Por causa da pouca qualidade da geração seguinte à de Messi, o clube gastou fortunas para contratação de jogadores, sem sucesso, como Coutinho, Arthur, Dembélé, Griezmann e outros. Todos são muito bons, mas criaram uma expectativa acima da realidade. O time atual possui várias deficiências coletivas e individuais.
O amor acaba, mas pode renascer em outro clube, país, com novos companheiros. Há sempre alguém à espera, com muito carinho. A carreira magistral de Messi ainda não terminou. Precisamos vê-lo por mais tempo. Será um vazio sem ele. Ou Messi está cansado de tanta pressão, de tanta responsabilidade, de ser, em todos os jogos, o genial atleta que é?
Messi pode estar com vontade de voltar a Rosário, encerrar a carreira no Newell’s Old Boys, onde jogou na infância, e de sentar-se na praça e sonhar com outros prazeres, antes que a sociedade do espetáculo, sedenta por novos ídolos, se canse dele.
Quem está melhor?
Quem está melhor, Corinthians ou São Paulo? Não sei. O aproveitamento estatístico do São Paulo é superior. Daniel Alves, o mais lúcido e mais técnico jogador do Tricolor, faz falta.
Independentemente do belo gol que fez contra o Fortaleza, Luan, longe de ser o brilhante jogador que foi em 2017, pelo Grêmio, não deveria ser reserva. Com frequência, criamos uma expectativa exagerada e achamos sempre ruim tudo o que não é como imaginávamos que deveria ser.
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