Para minha surpresa, Casemiro saiu do Real Madrid para o Manchester United. Vai jogar em outro grande clube, porém em um time inferior –embora tenha ganhado, na segunda-feira (22), do Liverpool, por 2 a 1. O Real vai faturar um bom dinheiro e tem a esperança de já ter um bom substituto, o jovem francês Tchouaméni, que tem sido convocado para a seleção. Será difícil jogar no nível de Casemiro.
Quando Casemiro estava nas categorias de base da seleção e já era titular do São Paulo, era chamado de marrento e criticado por tentar dar passes difíceis e para a frente, uma das qualidades dos grandes volantes atuais. Na época, volantes tinham que ser brucutus, para desarmar e só dar passes para o lado.
Casemiro evoluiu no posicionamento, no desarme, no passe e nas jogadas aéreas defensivas e ofensivas. Por causa do vigor físico, ainda faz muitas faltas e, às vezes, recebe cartões amarelos, causa de algumas ausências importantes, como na derrota para a Bélgica na Copa de 2018.
No Real Madrid, Casemiro era um volante pelo centro, com os meio-campistas Kroos, de um lado, e Modric, de outro. No Manchester United, provavelmente, vai formar dupla de volantes com Fred, como na seleção, embora Fred tenha ficado na reserva contra o Liverpool.
Hoje, Casemiro, Busquets, do Barcelona, Rodrigo, do Manchester City, e outros dos principais volantes do futebol mundial atuam centralizados, com um meio-campista de cada lado. Assim era, na prancheta, no início do futebol, quando os times jogavam com dois zagueiros, três médios e cinco atacantes (2-3-5). O centromédio, camisa 5, era, geralmente, o craque da equipe, pela classe e pelos excelentes passes. Com o tempo, o símbolo de craque passou a ser o meia-atacante, o ponta de lança, o camisa 10, o que dá passes e que faz gols.
Na seleção francesa, que costuma atuar com três zagueiros e com dois alas, os volantes Kanté e Pogba jogam de uma intermediária à outra. Uma opção tem sido trocar um dos zagueiros por um volante mais recuado e centralizado, que pode ser Tchouaméni, com Pogba e Kanté mais adiantados.
O meio-campo dos quatro semifinalistas da Copa do Brasil tem detalhes diferentes. O Corinthians, na prancheta, parece-se mais com os europeus, com um trio no meio-campo, embora, contra o Atlético-GO, Renato Augusto tenha atuado mais perto da área adversária. O Flamengo forma um losango no meio-campo, com Arrascaeta próximo aos dois atacantes, sem jogadores fixos pelos lados.
O São Paulo costuma jogar com três zagueiros, com dois alas, com um volante pelo centro e com quatro jogadores mais perto do gol. No Fluminense, pela constante presença de vários atletas próximos à bola, é difícil definir um desenho tático. Apenas o centroavante Cano é mais posicionado, mais fixo.
Nesta quarta (24), por causa da Copa do Brasil, veremos os titulares. Os clubes brasileiros valorizam mais as copas que o campeonato nacional. Os técnicos mudam os times a cada partida. No Brasileirão, antes dos jogos, o assunto principal dos programas esportivos é descobrir qual será a escalação. O Flamengo, que tinha boas chances de diminuir a distância para o Palmeiras, escalou os reservas. Outros treinadores fazem o mesmo, como Vítor Pereira e Rogério Ceni. É um grande exagero.
Com isso, perdem a chance de lutar por mais títulos, além de ser um desrespeito com os torcedores, que querem ver os melhores em campo. Os torcedores não querem apenas torcer. Querem vitórias e bom futebol.
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