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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Descrição de chapéu Libertadores

Há técnicos bons e ruins, emocionais e racionais, éticos e antiéticos

Assim ocorre na vida, em todas as atividades; são as contradições humanas

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Na última semana, os treinadores, que já são protagonistas, ficaram ainda mais em evidência, dentro e fora de campo. No clássico londrino entre Chelsea e Tottenham, o italiano Conte e o alemão Tuchel quase trocaram sopapos. Os dois foram expulsos. Fora o ótimo gramado e a sobriedade do VAR, que pouco atuou, parecia um clássico brasileiro, pela briga dos técnicos e pelas reclamações e confusões em campo.

As tretas continuaram no Brasil. Após a eliminação do Atlético na Libertadores, Cuca deu uma bizarra explicação para a falta de gols, ao dizer que o fato de o Palmeiras ter ficado com dez, e depois com nove jogadores, prejudicou o Galo, já que o adversário ficou somente na defesa. Abel não gostou, explicou a estratégia defensiva e cutucou Cuca, ao falar o que fez e o que o técnico do Atlético deveria ter feito. Cuca ficou ainda mais irritado.

Alguns treinadores brasileiros saíram em defesa de Cuca, por convicção e/ou porque se sentem prejudicados com a chegada dos técnicos estrangeiros ao Brasil. Jorginho falou que o português Abel é agressivo na lateral do campo, contra árbitros e auxiliares, no que tem razão, e que não é criticado. Foi além, ao dizer que queria ver Abel dirigindo um time com um elenco modesto, como o do Atlético-GO. Mano Menezes, com ironia, falou das aulas dadas por Abel nas entrevistas, como se ele quisesse ensinar futebol aos brasileiros.

O italiano Conte e o alemão Tuchel quase trocaram sopapos - Glyn Kirk - 14.ago.22/AFP

Vítor Pereira, que tinha sido bastante criticado, com razão, pelas besteiras que falou, que não tinha medo de ser demitido porque tinha muito dinheiro no banco, foi aplaudido pela brilhante classificação sobre o Atlético-GO. O time que não fazia gols fez quatro, muito pelo retorno de Renato Augusto, atuando mais próximo ao centroavante, e de Róger Guedes, que deixou de ser um ponta fixo, para entrar em diagonal pelo meio. Com isso, Yuri Alberto fez três gols.

Assim como ocorre na vida, em todas as atividades, no Brasil e no mundo, existem treinadores bons e ruins, emocionais e racionais, éticos e antiéticos. São as contradições humanas.

Por causa da grande importância de tantos fatores que estão presentes em um jogo de futebol, técnicos, físicos, táticos, emocionais e imprevistos, os treinadores só podem ser bem analisados após uma longa carreira. Felipão, pela média de sucessos e de fracassos, é um excelente treinador, embora ainda não tenha se aposentado.

O jovem Abel Ferreira merece todos os elogios pelas conquistas no Palmeiras, mas só saberemos definitivamente sua importância no futebol após muitos anos no comando de outros clubes e mesmo do Palmeiras. Há muitos exemplos de técnicos com carreiras irregulares, que foram muito bem e, depois, muito mal, e também o contrário.

Hoje não há mais lugar para treinadores que não sejam científicos, que não tenham capacidade de comandar um grupo e que não trabalhem em conjunto com uma boa comissão técnica. Por outro lado, não basta ter conhecimentos para ser um ótimo treinador ou qualquer outro profissional, ainda mais neste novo mundo, cheio de transformações técnicas e de comportamento.

Não há mais lugar também para tantos lugares-comuns, clichês, frequentes, como os que dizem que o treinador, quando vence, mesmo que mal preparado, ganhou porque os jogadores atuaram por ele e/ou porque o técnico possuía o comando do vestiário. Os atletas jogam por vitórias, pelas carreiras e não toleram treinadores com pouco conhecimento.

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