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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Descrição de chapéu São Paulo

Ceni e São Paulo precisam encontrar um caminho

Treinador exibe exagerada autossuficiência, muito próxima da arrogância

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Quando Rogério Ceni anunciou o fim da carreira de atleta e disse que se tornaria treinador, escrevi que, diferentemente de outros jogadores que começam nessa nova atividade, ele, por seu comportamento técnico e profissional, dentro e fora de campo, e por sua obsessão pela perfeição, precisaria de pouquíssimo tempo para se tornar excepcional.

Ele está no caminho, porém as dificuldades são muito maiores do que se esperava. Parafraseando o poeta maior Carlos Drummond de Andrade, no meio do caminho, entre tantos problemas, há uma exagerada autossuficiência, muito próxima de uma arrogância, que ele já demonstrava quando era atleta.

Após a perda do título da Copa Sul-Americana, Rogério não foi receber a medalha de vice e justificou que não tinha sido uma conquista, uma mistura de praticidade com prepotência. Imagino que, se o São Paulo tivesse sido campeão, ele não valorizaria o troféu, por achar que o título seria muito pequeno para a sua grandeza e a do São Paulo.

Rogério Ceni, nas entrevistas, tem demonstrado que o elenco do São Paulo é fraco para suas grandes ambições de treinador - Agustin Marcarian - 1º.out.22/Reuters

O time tem mostrado deficiências individuais e coletivas. O elenco é muito caro para o desempenho e a qualidade dos jogadores. Os atletas são bons, mas não há um único especial, como os que existem nas principais equipes brasileiras. A intensidade de jogo e a agressividade, características do São Paulo, têm funcionado bem apenas em casa, graças à pressão da torcida.

Há dois blocos bem separados entre a defesa e o ataque. No meio-campo, Nestor ataca, e Pablo Maia defende. Há pouca construção de jogadas, troca de passes e domínio da bola. O time corre muito, apressado, e abusa dos cruzamentos para a área, na esperança de que Calleri faça um gol.

O modesto Independiente del Valle, campeão da Copa Sul-Americana, ao contrário, parece o Fluminense nos melhores momentos, pela aproximação, pelas triangulações e pelas trocas de passes desde a defesa até o gol. Em um nível técnico muito mais baixo, é o estilo do Manchester City.

Era também o do Santos de Pelé, nos anos 1960. A equipe cadenciava o jogo, ficava com a bola e, de repente, trocava passes e fazia os gols. Essa já foi a escola brasileira, o que não significa que devamos voltar ao passado. Mas é preciso conhecer e aprender com as coisas boas do passado para enriquecer a evolução científica do presente e sonhar com o futuro.

Os jogadores precisam encontrar o melhor lugar em campo. O jovem Nestor, uma promessa, não sabe onde joga, no meio-campo ou no ataque. Corre muito e se perde, como toda a equipe do São Paulo.

No Corinthians, Róger Guedes parece ter encontrado o lugar, que é onde atuou em outras equipes, a de jogador pelo lado que entra em diagonal para ser o segundo atacante. Ele não é um ponta aberto, que defende e que ataca, nem um centroavante, como o técnico Vítor Pereira queria que ele jogasse. O Manchester City se adaptou à maneira de atuar de Haaland, e o excepcional centroavante se adaptou às características da equipe.

Rogério Ceni, nas entrevistas, tem demonstrado que o elenco do São Paulo é fraco para suas grandes ambições de treinador. Ele e o clube necessitam encontrar um caminho.

Festa no Mineirão

Hoje é dia de festa de arromba no Mineirão e de celebração do título da Série B pelo Cruzeiro. O ótimo trabalho precisa continuar, para que a equipe não apenas retorne à primeira divisão mas também volte a ser uma das principais do Brasil.

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