Há uma observação sobre Rogério Ceni feita tanto no São Paulo como em seu ex-clube, o Flamengo, tão cruel quanto importante para o treinador pensar a respeito. De tão perfeccionista, Rogério por vezes é chato. Estuda tanto os adversários que faz com que pareçam sempre melhores do que o próprio time que orienta.
Foi um risco na final contra o Independiente del Valle.
A opção de Rogério por Igor Vinícius, em vez de Rafinha, foi também da perseguição de Pablo Maia a Sornoza. Não foi marcação individual radical, mas o volante seguia o meia equatoriano, segundo atacante na formação do Del Valle, até perto da linha lateral.
Assim, Igor Vinícius vigiava o ala Chávez e Reinaldo ficava com Matías Fernández. Sornoza não parava em nenhum lugar do campo, o que impediu qualquer tipo de perseguição. Mais do que isso, foi Faravelli quem deu o passe preciso para Lautaro Díaz marcar 1 a 0, aos 13 minutos do primeiro tempo.
O crescimento do São Paulo no início do segundo tempo ocorreu quando o time tratou de impor seu estilo. Inversão do lado da jogada de Rodrigo Nestor para Igor Vinícius, desarmes no campo de ataque, tabelas de Patrick e Reinaldo pelo lado esquerdo.
Foram pelo menos cinco recuperações de bola no campo de ataque nos primeiros dez minutos da segunda etapa. Talvez o destino da partida fosse diferente se o time, empurrado por aproximadamente 15 mil torcedores, tivesse tentado essa mesma pressão na primeira etapa.
Sabia-se da capacidade do Independiente del Valle de rodar a bola, marcar em bloco médio e ter rapidez para definir as jogadas após o desarme.
Também era conhecida a capacidade de Faravelli, Pellerano e Angulo de dificultar o passe dos adversários e colocar rapidez nas ações ofensivas.
Foi mais ou menos como nasceu o gol. Passe de Faravelli, no setor às costas de Reinaldo, entre o lateral e o zagueiro Léo, para o atacante argentino Lautaro Díaz finalizar sem defesa para Felipe Alves.
A força do São Paulo deu lugar à cadência do Independiente del Valle depois dos 15 minutos da segunda etapa. A equipe do treinador argentino Martín Anselmi, assistente do espanhol Miguel Angel Ramírez no Internacional, circulava a bola em busca de faltas que resultassem em cruzamentos para a grande área.
O São Paulo não jogou mal. Finalizou mais, embora com menos tempo de bola no pé do que o rival equatoriano.
Mas faltou ao time de Rogério Ceni a confiança de quem tivesse jogado em alto nível toda a temporada. Há seis partidas, o treinador voltou a usar o sistema 4-1-3-2, adotado com frequência no início do ano.
Até que veio a jogada do segundo gol, marcado por Faravelli, o melhor em campo. Lançamento extraordinário de Schunke para Sornoza. O meia, ex-Fluminense, recebeu sem a marcação planejada de Pablo Maia. O resultado foram o passe para Lautaro Díaz e o dele para Faravelli marcar.
O problema do São Paulo não foi exatamente a finalíssima, mas o processo lento de reconstrução do clube. Rogério Ceni já ameaçou algumas vezes deixar o Morumbi se não conquistasse o título, apesar das garantias do presidente. Sua permanência é importante para fortalecer o time para o ano que vem.
A reconstrução exige paciência. A pergunta é se ela existirá para o treinador e para a torcida.
Gol de escanteio
O Palmeiras marcou 26% de seus gols em jogadas de escanteio. São 12 de 45 gols. Foram três cobranças curtas, nove para a grande área, sete executadas por Scarpa, cinco convertidas por Rony. O que mata o adversário não é o córner. É o repertório. A surpresa.
Gol de centroavante
Gabriel Jesus disse ao repórter João Castello Branco, da ESPN, que Tite lhe telefonou depois de não convocá-lo em setembro. Sinal de que está quase dentro da Copa. Jesus mudou de clube para jogar como nove. Fez gol de centroavante no clássico contra o Tottenham.
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