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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Os silêncios do craque Messi, de novo o melhor do mundo

A hegemonia do Brasil na América do Sul é uma ilusão de que tudo está ótimo

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Em silêncio, Messi ganhou pela sétima vez o título de melhor do mundo. Em silêncio, Messi sonhou, obstinadamente e conquistou a Copa do Mundo pela Argentina. Em silêncio, Messi sempre foi um profissional sério, lúcido e discreto. Em silêncio, quando quiser, vai encerrar a carreira e seguir a vida, desconectado do mundo das estrelas.

Lionel Messi (PSG) e Alexia Putellas (Barcelona), vencedores do prêmio de melhores jogadores de futebol do mundo - Ranck Fife - 27.fev.23/AFP

Enquanto nos principais times do mundo os zagueiros e os meio-campistas avançam em bloco na marcação, no Brasil os defensores ficam desconectados do meio campo, deixando grandes espaços entre os dois setores, o que facilita troca de passes e finalizações do adversário.

Isso não significa que os zagueiros deveriam marcar muito na frente, deixando muitos espaços nas suas costas. A tendência mundial é de se posicionar em uma faixa intermediaria, entre a linha de meio campo e a da grande área, o que diminui os espaços entre os dois setores e nas costas dos defensores.

Mesmo o Palmeiras, o time mais estruturado, consistente e com mais força mental do país, que joga cada partida como se fosse a decisiva, a última, tem deixado mais espaços que antes para os adversários. Neste ano o time tem feito e sofrido mais gols. Penso que seja possível melhorar o ataque sem piorar a defesa.

Lance da partida Mirassol 0 x 2 Palmeiras, pelo Campeonato Paulista - Cesar Greco - 1°.fev.23/Palmeiras/Canon

O Corinthians deixa também muitos espaços na intermediária. Palmeiras e Corinthians confiam demais nos seus excepcionais goleiros. No Flamengo é mais evidente a facilidade defensiva que o time oferece aos adversários. O mesmo ocorre com os outros times brasileiros.

O Atlético-MG, que joga nesta quarta (1°) pela Libertadores contra um fraquíssimo time da Venezuela, criou uma expectativa acima da realidade após as contratações de vários jogadores —bons, mas comuns—, além do técnico argentino Coudet. O Atlético-MG e o São Paulo se parecem. São dois times vibrantes, porém apressados para chegar ao gol.

A transição da bola passa muito rapidamente da defesa para o ataque. Nos dois times, há um bloco defensivo, formado por quatro defensores e um volante para iniciar a saída da bola, e outro ofensivo, com cinco jogadores adiantados (meias e atacantes). O meio campo, que deveria ser a alma e o cérebro da equipe, participa pouco do jogo.

Ao contrário do São Paulo e do Atlético-MG, o Fluminense gosta de agrupar vários jogadores no meio campo para ficar com a bola, trocar passes e envolver o adversário. Por outro lado, a repetição excessiva facilita a marcação do outro time.

Lance de Fluminense 3 x 1 São Paulo, pelo Campeonato Brasileiro de 2022 - Mailson Santana - 5.nov.22/Fluminense FC

Os estaduais são uma preparação para os campeonatos mais importantes. Imagino que haverá poucas surpresas no Brasileirão-23. Equipes como Fluminense, Atlético-PR, Inter e Fortaleza devem repetir as boas campanhas do ano passado.

Dos quatros grandes clubes que retornaram à primeira divisão, Vasco e Grêmio são os que contrataram melhores jogadores. O Cruzeiro, pela força física e disciplina coletiva, será um adversário duríssimo para as principais equipes, mas terá dificuldades para se impor contra os times da turma de baixo. O Bahia preocupa após as duas recentes goleadas sofridas (6 a 0 contra o Sport pela Copa do Nordeste e 4 a 0 contra o Itabuna pelo Campeonato Baiano).

Lance de Itabuna 4 x 0 Bahia, em 26.fev.23
Lance de Itabuna 4 x 0 Bahia, em 26.fev.23 - Rafael Machado /EC Bahia

O futebol brasileiro precisa evoluir dentro e fora de campo: melhorar o calendário, os gramados, as arbitragens, o VAR e o desempenho das equipes. Treinadores, jogadores, dirigentes e a imprensa deveriam se preocupar mais com a qualidade do espetáculo. A hegemonia do Brasil na América do Sul é uma ilusão de que tudo está ótimo

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