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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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O futebol é o lugar das incertezas, da pluralidade e do improvável

As equipes, em todo o mundo, cada vez mais, alternam diferentes estratégias a cada partida

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Neste mundo radicalizado, em chamas, cada lado acha que tem razão e soluções para os problemas. Ainda bem que existe carnaval, arte e futebol.

O carnaval é alegria, fantasia, diversidade, imaginação, contestação e sonho de ser o que nunca foi. A arte vai além da razão. O futebol é o lugar das incertezas, da pluralidade, da combinação de possibilidades, da ciência e do improvável.

As equipes, em todo o mundo, cada vez mais, alternam diferentes estratégias a cada partida ou durante um mesmo jogo, de acordo com o momento. É o presente e o futuro.

Renato Augusto em ação pelo Corinthians; sob Fernando Lázaro, equipe tem várias formas de jogar
Renato Augusto em ação pelo Corinthians; sob Fernando Lázaro, equipe tem várias formas de jogar - Sergio Moraes/Reuters

O Corinthians, dirigido pelo jovem e audacioso Fernando Lázaro, tem sido muitos em um só. Renato Augusto o farol que ilumina a equipe, atua em um mesmo jogo, como meio campista pelo centro ou pela esquerda e às vezes, descansa próximo do centroavante. Roger Guedes é ponta, segundo atacante pelo centro e algumas vezes recua pela esquerda, alternando com Renato Augusto na marcação. Adson parte da direita para todos os setores do ataque.

O Corinthians quando perde a bola e não dá para pressionar, costuma ter uma linha de quatro a cinco jogadores no meio campo, na proteção dos quatro defensores.

Há várias maneiras de jogar bem e vencer. O Palmeiras, o time brasileiro mais eficiente no momento, se destaca pela maneira única de jogar. Trocam os jogadores, mas geralmente não muda o esquema tático. Abel Ferreira já disse que gosta do time com uma camisa cinco, uma oito, uma nove e uma dez, com posições bem definidas, como preferem os tradicionais treinadores brasileiros.

Vinicius Junior comemora após marcar seu segundo gol na vitória do Real Madrid sobre o Liverpool na Inglaterra
Vinicius Junior comemora após marcar seu segundo gol na vitória do Real Madrid sobre o Liverpool na Inglaterra - Paul Ellis/AFP

O Manchester City une a variação do esquema tático com estratégia posicional, sempre com dois jogadores abertos pelas pontas. Outras grandes equipes espalhadas pelo mundo alternam a repetição, com as variações táticas. A repetição melhora a qualidade técnica, tática, mas quando excessiva, leva à diminuição da criatividade e à mesmice.

No movimentado Liverpool 2x5 Real Madrid de ontem, pela Copa dos Campeões, Vinicius Junior, autor de dois gols, mostrou que está cada dia mais espetacular. No início de sua carreira, no Flamengo e depois no Real Madrid, ele mesmo muito veloz e habilidoso, errava demais nas finalizações, no passe e nas decisões. Na época disse que ele seria um ótimo jogador, mas não um craque. Confesso que errei. Vinicius evoluiu bastante em todos os fundamentos técnicos.

Na Espanha, continuam as ofensas racistas a Vinicius Junior. Quanto mais ofendem, mais ele dribla e baila. O racismo está presente em todo o mundo. A CBF agiu corretamente ao anunciar punições progressivas aos clubes. Eles não são responsáveis pelos atos criminosos de alguns torcedores, mas, ameaçados, terão que tomar providência para conter os racistas.

O futebol é muito mais complexo. Nós é que tentamos simplifica-lo com racionalizações. O atacante inglês Rashford, que brilha intensamente no Manchester United, vive algo parecido com a história do francês Karim Benzema no Real Madrid, também autor de dois gols no duelo contra o Liverpool.

Ambos, que eram ótimos jogadores, se tornaram excepcionais após a saída de Cristiano Ronaldo dos dois clubes, um dos maiores atacantes da história.

Além das possíveis mudanças técnicas e táticas, penso que Rashford e Benzema se libertaram da posição de coadjuvantes. Sentiram-se mais livres, confiantes, e ambiciosos. Queriam ser também protagonistas.

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