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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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O futebol é feminino e masculino

Jogo coletivo, intenso e compacto, de homens ou mulheres, potencializa o talento individual

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Na segunda-feira (24), vou acordar cedo para ver a estreia da seleção brasileira feminina na Copa do Mundo, contra o Panamá. Tenho esperanças de que a equipe faça uma ótima campanha, com chances de até ser campeã mundial pela primeira vez. Por que não? As atuações e resultados nos amistosos têm sido convincentes, mesmo contra fortes adversárias.

Como se esperava, o início do Mundial tem sido muito bom, com grandes públicos e jogos civilizados, sem tumultos, sem excessivas reclamações durante as partidas. Os jogadores e treinadores masculinos do Brasileirão precisam seguir o mesmo caminho, aprender com as mulheres.

Na Copa do Mundo de 2019 e nas Olimpíadas de 2021, o Brasil jogou muito melhor do que nos anos anteriores, mas não o suficiente para vencer as principais seleções do mundo. Faltou mais intensidade, mais pressão para recuperar a bola e mais compactação, características do futebol moderno, masculino e feminino. A técnica sueca Pia Sundhage se preocupou muito com essas dificuldades nos últimos anos.

Pia Sundhage pediu às atletas um jogo mais intenso - Mauro Pimentel - 24.jun.23/AFP

No entanto, mesmo no futebol brasileiro masculino, há ainda muitos problemas para jogar dessa maneira. A execução da intensidade, da pressão para recuperar a bola e da compactação é ainda irregular e pouco eficiente. O meio-campo avança, e, com frequência, os zagueiros permanecem encostados à grande área, o que gera muitos espaços entre setores.

Alguns treinadores de times masculinos preferem, muitas vezes, recuar a marcação e colocar oito a nove jogadores perto da grande área, o que facilita a pressão e a troca de passes na intermediária pelo adversário. Além disso, quando o time recupera a bola, fica muito longe do outro gol.

Assim jogou o Corinthians na vitória sobre o Universitário, do Peru, por 2 a 1. O time paulista não sofreu mais gols porque os três zagueiros jogaram bem e porque o adversário era muito fraco, como é comum na Copa Sul-Americana. O América, último colocado no Brasileirão, goleou o Colo-Colo, o mais tradicional time chileno, por 5 a 1.

Raramente uma equipe brasileira masculina atua com os zagueiros adiantados, posicionados na intermediária, para diminuir os espaços entre os setores e dificultar a troca de passes do adversário. Existe o risco aumentado de os zagueiros adiantados levarem bolas nas costas, o que pode ser atenuado com defensores rápidos e com goleiros que sabem jogar fora do gol. Assim atuam as principais equipes do mundo.

No passado, as equipes eram mais espaçadas. Os que acham que o futebol e a vida começaram com a internet gostam de dizer que era mais fácil jogar no passado, pois os espaços eram muito maiores, o que é verdade. Por outro lado, como havia mais espaços, os medíocres logo mostravam suas limitações. Hoje, com poucos espaços, os medianos, com muita correria, escondem-se atrás da mediocridade.

Algumas poucas equipes do passado estavam à frente do tempo, como a seleção brasileira na Copa de 70. O time defendia e atacava com muitos jogadores, como no futebol moderno.

Brasil de 1970 tinha Pelé e tinha um jogo moderno - Acervo - 21.jun.70/AFP

O futebol coletivo, intenso e compacto, masculino e feminino, potencializa o talento individual. O conteúdo e a forma se completam, um precisa do outro. Porém quem deve definir a estratégia são os jogadores e as jogadoras, de acordo com suas qualidades e características, sob a organização dos treinadores e treinadoras. A partir do conteúdo, cria-se a forma.

As análises do futebol feminino e masculino devem ser imparciais, com isenção, sem discursos ideológicos e midiáticos.

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