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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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John Textor não deve saber o que é um jogo de futebol

Para ele, é como se a partida fosse sempre uma sequência lógica de dados matemáticos

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John Textor, dono da SAF do Botafogo, acusou, sem mostrar provas à imprensa, que houve manipulação de resultados para beneficiar o Palmeiras nos dois últimos anos. Ele prestou depoimentos à Polícia Civil, e as denúncias precisam ser investigadas.

Segundo as pessoas que tiveram acesso às ditas provas, elas são subjetivas, baseadas em estatísticas que ocorreram fora do contexto habitual. Como Textor não é maluco nem idiota, imagino que acredite nas suas denúncias, como se o futebol para ele fosse sempre uma sequência lógica de dados matemáticos, estatísticos. Ele não deve saber o que é um jogo de futebol.

Uma correção. São seis, não quatro, os treinadores argentinos que trabalham nos clubes brasileiros (Cruzeiro, Atlético-MG, Inter, Vasco, Fortaleza e Cuiabá) e que disputam a Libertadores e a Copa Sul-Americana. São quatro os técnicos portugueses (Palmeiras, Corinthians, Bragantino e Botafogo). Há mais treinadores estrangeiros do que brasileiros.

Empresário americano John Textor, presidente do Olympique Lyonnais, foi processado por difamação pelo presidente da Confederação Brasileira de Futebol por comentários sobre corrupção após derrota para o Botafogo, outro clube de sua propriedade
Empresário americano John Textor, presidente do Olympique Lyonnais, foi processado por difamação pelo presidente da Confederação Brasileira de Futebol por comentários sobre corrupção após derrota para o Botafogo, outro clube de sua propriedade - Jeff Pachoud-18.set.23/AFP

Aumentou bastante também o número de jogadores de outros países sul-americanos que atuam no Brasil. Será que há uma preferência pelos atletas estrangeiros, mesmo nos clubes dirigidos por brasileiros?

Alguns times brasileiros jogaram com todos os reservas nas primeiras rodadas da Libertadores e da Copa Sul-Americana, com a finalidade de ter todos os titulares nas finais dos estaduais, que é compreensível.

Porém os clubes poderiam ter poupado uns dois ou três sem perder a qualidade. Essa é uma conduta que deveria ocorrer durante todo o ano, como é frequente na Europa. Além disso, não há nenhum problema para um jogador que está bem fisicamente atuar, de vez em quando, três vezes de um fim de semana a outro. O que não se deve é repetir isso durante várias semanas seguidas.

Domingo é dia de decisões estaduais. Os jogadores, treinadores e torcedores precisam aprender que, mesmo contra grandes rivais, é possível jogar um belo futebol, com muita garra, intensidade, sem excesso de faltas e sem tumultos dentro e fora de campo.

Repito, os detalhes estratégicos são importantes, mas existe um exagero na avaliação das decisões dos treinadores. Um time não vai perder ou ganhar porque mudou o posicionamento de um jogador, um pouco mais para a frente ou para trás.

Na terça-feira, veremos um jogaço, em Madri, entre o Real e o Manchester City, na primeira partida das quartas de finais da Liga dos Campeões. São duas diferentes estratégias. Guardiola não abre mão da pressão para recuperar a bola, do domínio do jogo e da presença de um ou geralmente dois pontas abertos, posicionais. O City utiliza bastante as triangulações pelos lados e os passes e cruzamentos para o centroavante Haaland e outros.

Ancelotti não abre mão de ter um trio de meio-campistas, que jogam de uma intermediária à outra, que tem o domínio da bola, além de Bellingham, que participa da marcação e avança para atuar próximo aos dois atacantes, Vinicius Junior e Rodrygo.

O Real utiliza muito o lançamento nas costas dos defensores para a entrada em diagonal dos dois atacantes, ainda mais que os defensores do City atuam adiantados. Não há no Real centroavante nem ponta fixo. Vini e Rodrygo são ótimos pelos lados e ainda mais decisivos pelo centro.

São dois times bastante estratégicos e com muitos craques. A bola não procura o craque, como dizem. É o craque que sabe antes dos outros aonde a bola vai chegar. Como ele sabe? Sabendo! Existe um saber inconsciente que antecede ao pensamento. Os neurocientistas chamam de inteligência cinestésica, do movimento, espacial.

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