Txai Suruí

Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia

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Txai Suruí

O salto amazônico

Não salvaremos a natureza se não salvarmos quem a protege

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De quinta-feira (5) até hoje (7), acontece na Universidade de Princeton, nos EUA, a conferência "O Salto Amazônico", que reúne acadêmicos, lideranças políticas e ambientais, empreendedores, ativistas brasileiros e pesquisadores da universidade para discutir propostas voltadas à conservação e ao desenvolvimento de uma economia de baixo carbono para a região.

O evento nos trouxe o questionamento de como a construção dessas soluções baseadas na natureza precisam incluir os povos da floresta. Nesse sentido, a cacica Juma Xipaia se manifestou assim:
"Eu fico vendo vocês apresentarem gráficos, falarem de todas essas mudanças do presente e do futuro, mas não sinto a presença, o conhecimento, a ciência dos povos da floresta. Nós não somos meros objetos da pesquisa e da ciência de vocês.

É preciso fazer encontros como este na Amazônia. É preciso levar esse conhecimento científico para as escolas, para a sociedade, para quem não sabe falar a língua de vocês. É preciso democratizar essa discussão. É preciso estar na casa e no território de cada um.

Senão estamos falando para quem? Discutindo com quem? Estamos falando de algo que interessa não só aos povos indígenas ou à universidade, de algo que é de interesse planetário.

Por que eu e Txai estamos aqui? Porque fomos ensinadas desde o ventre de nossas mães a respeitar nossas culturas e conhecimentos e a entender que a floresta não é um elemento à parte, mas uma extensão de nós. Isso é ensinado para as crianças de vocês? Como podemos falar de emissão zero quando isso não está sendo ensinado para as crianças?

Não se pode fazer uma discussão sobre mudanças climáticas sem os povos indígenas, pois somos nós que estamos mantendo a floresta em pé. Então nos enxerguem! Não é para nos incluir, mas para nos enxergar, pois estamos nessa discussão há muito tempo".

Que possamos entender que para termos esse "salto amazônico" precisamos proteger os defensores ambientais, principalmente, as mulheres e as crianças e apoiar as iniciativas e o trabalho que vêm sendo executados dentro dos territórios.

Nós, povos originários, protegemos nossos territórios, produzimos de forma orgânica e sustentável e reflorestamos, pois sabemos que estamos num ponto que devemos devolver à natureza o que dela foi tirado.

É urgente que tenhamos leis que proíbam a importação de produtos ligados ao desmatamento e que elas incluam os direitos humanos. É preciso pensar uma transição justa, que não deixe ninguém para trás. É preciso lembrar que não salvaremos a natureza se não salvarmos quem a protege.

Amanhã (8) é Dia das Mães. Um salve para minha mãe, que luta na defesa dos direitos humanos e da Amazônia.

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