Txai Suruí

Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia

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Txai Suruí
Descrição de chapéu jornalismo

Cadê Bruno Pereira e Dom Phillips?

Governo brasileiro age com descaso e desrespeito

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O indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips estão desaparecidos desde 5 de junho, quando faziam o trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael até a cidade de Atalaia do Norte, no Amazonas.

Bruno, um dos indigenistas mais reconhecidos da atualidade, assessorava a associação Unijava na proteção do território Vale do Javari --onde vive a maior concentração de povos indígenas em isolamento voluntário no planeta. Já Dom vinha denunciando o avanço das atividades ilegais naquela região. Ambos estavam recebendo ameaças de morte pelo trabalho que vinham realizando.

O mundo volta os olhos para o Brasil cobrando ações efetivas e rápidas para encontrar os dois, mas a reação do governo brasileiro é de descaso e até mesmo desrespeito --como visto na declaração de Jair Bolsonaro, que tenta culpabilizar Bruno e Dom pelo desaparecimento, ou na fala mentirosa do coordenador da Funai que afirmou que o órgão não teria sido avisado da missão e que eles não teriam permissão.

Infelizmente, o episódio de Bruno e Dom não é um caso isolado e traz para o debate internacional mais uma vez o perigo de ser ativista ambiental e dos direitos humanos no Brasil. Na mesma região do ocorrido, o líder indígena e membro da coordenação da Unijava Beto Marubo também vem recebendo ameaças de morte —e lamentavelmente não é o único.

O Brasil é o quarto país que mais mata ativistas ambientais no mundo, e a maioria dos assassinatos está concentrada na região Norte, de acordo com relatório da organização Global Witness. A taxa de assassinato de indígenas aumentou 21,6% em dez anos, enquanto os homicídios em geral caíram, segundo o Atlas da Violência.

Na linha de frente de uma guerra invisível, os defensores da floresta colocam suas vidas em risco, monitorando, denunciando e conscientizando sobre o avanço da devastação ambiental e lutando contra a crise climática, que terá efeitos globais.

Mas como proteger os defensores da floresta? Protegendo a floresta. Fortalecendo as leis ambientais e os órgãos de fiscalização e, neste ano especificamente, votando em quem defende o meio ambiente. O Brasil até hoje não ratificou o Acordo de Escazú, que trata do acesso à informação, participação pública e acesso à Justiça em assuntos ambientais, prevendo mecanismos específicos de proteção aos defensores do ambiente.

Além disso, o Brasil deve aumentar o acesso à Justiça nesses casos, destinar mais recursos para que as investigações aconteçam de forma célere e eficaz e, por último, punir aqueles que cometem crimes contra o meio ambiente e os seus defensores.

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