Txai Suruí

Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia

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Txai Suruí
Descrição de chapéu indígenas

Farmácia viva shanenawa

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A Farmácia Viva, um espaço de saúde da floresta na aldeia Morada Nova do povo Shanenawa no Acre, com mais de 180 espécies de plantas medicinais, foi criada há dois anos pelas mulheres Shanenawa.

Uma das idealizadoras Andressa Runi Shanenawa conta que, quando começou a fazer faculdade de enfermagem em Rio Branco, deparou-se com a frase "Antigamente os indígenas se curavam com a medicina tradicional, mas hoje não", proferida por uma professora. A estudante confrontou a situação e explicou que medicina indígena segue viva dentro das comunidades. Inspirada e guiada por sua avó, que é pajé, ela cresceu vendo e sendo curada pelas plantas e ervas cultivadas pela anciã em seu pequeno viveiro ao lado de sua casa. Conta que sua avó tinha cura para tudo, dá cólica menstrual à medicina para cantar e se curou sozinha de um câncer com as plantas da floresta e o conhecimento medicinal Shanenawa passados por seus ancestrais.

Indígenas da etnia Shanenawa dançam em Morada Nova, no Acre, durante festival que celebra a natureza e pede o fim das queimadas na Amazônia
Indígenas da etnia Shanenawa dançam em Morada Nova, no Acre, durante festival que celebra a natureza e pede o fim das queimadas na Amazônia - Ueslei Marcelino - 1º.set.2019/Reuters

A etnia Shanenawa foi impedida de praticar sua cultura e escravizada no atual local da aldeia, trabalhando em um seringal. Conseguiu o direito ao seu território com o passar dos anos, mas hoje enfrenta a falta de saneamento básico nas aldeias, a falta de acesso à água potável devido à poluição do rio Envira pela cidade Feijó, próxima à aldeia, e aos empreendimentos que afetam diretamente seu território, feitos sem o consentimento livre, prévio, informado e de boa-fé, além da seca dos rios e de outros efeitos das mudanças climáticas. E ainda luta pelo fortalecimento de sua cultura.

As jovens mulheres indígenas da aldeia, como Andressa, preocupadas em manter seus conhecimentos ancestrais guardados por seus anciões que estão envelhecendo e morrendo, reconhecidos como verdadeiras bibliotecas vivas, unem a medicina ocidental com a medicina indígena através da Farmácia Viva, e buscam acesso a uma saúde de qualidade para sua comunidade.

A farmácia fica no meio da aldeia, estrategicamente, para em caso de emergência as pessoas serem atendidas rapidamente. Devido às mudanças climáticas, algumas plantas medicinais se tornaram mais difíceis de serem encontradas. A farmácia é para guardar e proteger que essas plantas não se percam.

A ideia é que seja construído um espaço para receber pacientes indígenas e não indígenas, funcionando 24 horas e trabalhando com manipulados. A iniciativa ainda busca apoiadores e financiadores para a construir a estrutura, e mais informações podem ser encontradas no instagram @povoshanenawa.oficial.

Andressa conta que, após a criação da Farmácia Viva, a medicina tradicional passou a ser mais valorizada, fortalecendo a cultura atacada durante a colonização e mostrando a importância da vasta, poderosa e profunda cura da floresta.

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