Uirá Machado

Na Folha desde 2004, é formado em direito e em filosofia na USP, foi editor de Tendências / Debates, Opinião, Ilustríssima e Núcleo de Cidades, além de secretário-assistente de Redação

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Uirá Machado

De bobagem em bobagem o autoritarismo populista enche o papo

Jair Bolsonaro e equipe dão mostras de falta de traquejo democrático

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Acredite quem quiser. Após o primeiro encontro de Jair Bolsonaro (PSL) com as bancadas partidárias do Congresso, o líder do MDB na Câmara afirmou que sua legenda vive uma nova política. “O MDB não reivindicou cargos, não tem pretensão de indicar ninguém no governo, mas tem a responsabilidade de debater uma agenda programática”, disse Baleia Rossi.

O discurso parte do presidente eleito, há muito tempo arauto dos que estão contra tudo isso aí. Bolsonaro diz querer mudar as coisas, mesmo que não tenha a solução para os problemas: “Eu posso não saber a fórmula do sucesso, mas a do fracasso é essa que foi usada até o momento, distribuir ministérios, bancos, para partidos políticos”.

Isso foi na terça (4). No dia seguinte, reportagem desta Folha mostrou os limites da agenda programática. 
O futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), contou a vários congressistas que o governo quer propagandear os nomes de deputados e senadores que estejam por trás de obras federais tocadas com recursos de emendas parlamentares.

Ao que tudo indica, não lhe ocorreu algo óbvio: a proposta viola o princípio constitucional da impessoalidade na administração pública. Não foi a primeira vez que saltou aos olhos a falta de traquejo democrático. Deu-se o mesmo quando o presidente eleito insinuou que cortaria a publicidade oficial de veículos de comunicação que não se comportassem.

Talvez tudo não passe de estultice. Porém, não custa lembrar, entre outras coisas, que o deputado Eduardo Bolsonaro já ensinou a fechar o STF e que Paulo Guedes, não por acaso apelidado de czar da economia, já defendeu superpoderes a partidos —medida que, na prática, silencia divergências dentro das bancadas.

Quanto mais essa lista crescer, menos poderá ser descrita como uma simples coleção de parvoíces de quem jamais havia levado a sério a possibilidade de comandar o Executivo federal —e mais terá de ser vista como manifestação de um autoritarismo populista.

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