Superministério da Economia terá seis secretarias especiais

Áreas estratégicas como gestão de pessoal, comércio exterior e privatização ficam com Guedes

Mariana Carneiro Leandro Colon
Brasília

O novo Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes, será formado por seis secretarias especiais, que unificarão as atuais estruturas de Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio Exterior.

Alguns nomes para dirigi-las foram confirmados nesta quinta-feira (29) pelo futuro ministro para ocupar os cargos.

Em conversa com jornalistas, ele informou que o diplomata Marcos Troyjo vai comandar a Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais. Troyjo é colunista da Folha. A área deverá incorporar também a Apex (Agência de Promoção das Exportações), hoje subordinada ao Itamaraty.

O empresário Salim Mattar, como já noticiado, foi confirmado como secretário especial de Desestatização e Desmobilização. Ele deverá integrar a equipe de transição por volta do dia 14, após se descompatibilizar do comando da Localiza, empresa de locação de veículos que ele fundou e na qual atua como presidente do conselho de administração.

Segundo Guedes, o economista Marcos Cintra, formulador do imposto único, comandará a Secretaria Especial de Previdência e Receita Federal e será responsável por tocar duas reformas relevantes no governo de Jair Bolsonaro.

Guedes e seu time pretendem simplificar a cobrança de impostos e, no futuro, reduzir a carga tributária. Para tanto, querem propor uma reforma tributária.

A ideia do imposto único de Cintra, porém, deve ser deixada de lado. As semelhanças com a CPMF criaram resistências à ideia antes mesmo da eleição, e a discussão pode caminhar em direção a um imposto sobre valor agregado que unifique os tributos federais. O debate, contudo, ainda é embrionário.

Na Previdência, a futura equipe econômica pretende lançar uma proposta que controle o aumento de gastos no regime atual e, ao mesmo tempo, crie um novo modelo de aposentadorias em que os trabalhadores formarão uma poupança individual, o chamado sistema de capitalização.

Ainda não está claro se, para ajustar a Previdência atual e criar o novo regime, o futuro governo vai elaborar duas propostas ou se vai endereçar os assuntos em um mesmo conjunto de emendas à Constituição. Nesse desenho, a proposta apresentada pelo presidente Michel Temer e aprovada em comissão no Congresso não deve prosperar.

Os demais nomes para as secretarias especiais do time de Guedes ainda não estão fechados.

Para a Secretaria Especial da Fazenda, o mais cotado é Waldery Rodrigues Júnior, que já atua no ministério atualmente. Ele coordena a Secretaria de Política Econômica.

Sob seu guarda-chuva estará o atual secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, que ficará com as mesmas atribuições que tem hoje.

Na Secretaria Especial de Planejamento, a especulação é que fique no cargo o atual ministro Esteves Colnago. Outro nome que circulou em Brasília nesta semana é o do presidente do BNDES e ex-ministro, Dyogo Oliveira.

Na Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade, o nome mais próximo da indicação é o do ex-diretor do BNDES Carlos da Costa. Ele trabalha com a equipe de Guedes desde antes da eleição e se consolidou como interlocutor com o setor produtivo.

A Receita Federal continuará com um superintendente da carreira. Guedes não confirmou nem negou se o atual titular, Jorge Rachid, ficará no cargo.

Nos bastidores, auditores da Receita já demonstram preocupação com uma possível perda de poder do órgão com um rebaixamento para terceiro escalão.

Paulo Guedes, futuro superministro da economia do governo Bolsonaro
Paulo Guedes, futuro superministro da economia do governo Bolsonaro - Sergio Lima/AFP


O Sindifisco (Sindicato dos Auditores da Receita) divulgou uma nota declarando preocupação com a nomeação de Marcos Cintra.

"A nomeação de Cintra para o comando desse novo órgão quebra uma regra adotada desde 2002, quando auditores fiscais passaram a ser indicados pelos titulares da Fazenda para comandar a Receita, além de responderem diretamente ao gabinete do ministro", afirma a nota.

Guedes adiantou ainda que dois "Chicago oldies" --como apelidou o time de profissionais experientes que o acompanham desde a campanha eleitoral e, como Guedes, se formaram na Universidade de Chicago-- deverão auxiliar Troyjo na área de de comércio exterior.

Um deverá ser destacado para ficar em Genebra, comandando negociações com Estados Unidos e União Europeia, e outro, na China. Os nomes não foram revelados.

Segundo o futuro ministro, o novo desenho do Ministério da Economia encolherá o número de secretarias de 20 para 6 nas três pastas que serão fundidas.

Cerca de 20% a 30% dos cargos comissionados na equipe econômica deverão ser eliminados com a reforma.

Apesar da fusão, Guedes não gosta da classificação de superministério. Para ele, a unificação das pastas servirá para que a área econômica "fale a mesma língua".

Um exemplo do vocabulário único que pretende adotar é a abertura comercial a importados sincronizada com uma redução da carga de impostos, por meio de uma reforma tributária.

Outro exemplo é a privatização como uma das ferramentas de ajuste das contas públicas.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.