Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Plantio de milho atrasa nos EUA e pode prejudicar soja no Brasil

Clima e solo úmido dificultam avanço de máquinas; se cenário persistir, oleaginosa ganhará espaço

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Carregamento de milho em cooperativa em Iowa, estado que é o principal produtor do cereal nos EUA
Carregamento de milho em cooperativa em Iowa, estado que é o principal produtor do cereal nos EUA - Charlie Neibergall - 5.abr.18/Associated Press

Os Estados Unidos não conseguem semear o milho neste ano. Solo úmido e até nevasca em algumas áreas não permitem que as máquinas avancem sobre as áreas que estão destinadas ao cereal.

No estado de Iowa, o principal produtor de milho dos EUA, os produtores conseguiram ir a campo apenas 1 dia durante toda a semana passada.

A situação se repete em Illinois, o segundo maior produtor. As máquinas aproveitaram apenas um dia e meio para o plantio no mesmo período.

Alguns estados ao sul do Meio-Oeste, principal região produtora de cereais do país, conseguem semear, mas ainda não se arriscam porque o solo está muito frio e impede a germinação.

Iowa e Illinois ainda não conseguiram avançar no plantio, enquanto Missouri e Kansas semeiam, mas em ritmo bem menor do que em 2017, devido ao solo frio.

Por ora é muito cedo para qualquer análise sobre a produção americana."

Não há nada que comprometa a safra deste ano, ainda", diz Daniele Siqueira, analista da AgRural.

O desenrolar desse cenário, porém, interessa muito ao Brasil. A capacidade de plantio de plantio dos americanos é grande e eles podem recuperar o período perdido rapidamente.

Uma persistência desse clima desfavorável pode levar, no entanto, boa parte dos produtores a trocar o milho pela soja, segundo Siqueira.

Nesse caso, a área de soja —que em uma situação muito rara nos Estados Unidos superou a de milho neste ano— poderá ser ainda maior, mexendo com os preços internacionais.

A relação de perda de renda dos produtores brasileiros é muito maior no caso de uma supersafra de soja —e eventual queda de preços— do que de uma grande safra de milho nos Estados Unidos.

No relatório mais recente, o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) estimou a área de soja em 36 milhões de hectares. O mercado acredita que essa área deverá ser superada.

Já para o milho, o espaço a ser dedicado pelos produtores dos EUA será de 35,6 milhões de hectares.

Tanto a área de soja como a de milho deverão ser menores neste ano, segundo o Usda. A queda é de 500 mil e 900 mil hectares, respectivamente. Ganha o algodão, que incorpora parte da área perdida pelos dois.

 

Soja O mercado recebe uma nova estimativa de produção da oleaginosa para esta safra 2017/18. Desta vez é da consultoria Céleres, que indica um volume um pouco mais conservador e perto dos do IBGE e da Conab.

Abaixo Na avaliação dos técnicos da Céleres, á área de soja foi de 34,7 milhões de hectares e a produção ficará em 115,7 milhões de toneladas. Algumas consultorias já indicam volume superior a 119 milhões de toneladas.

Milho O país perde pelo menos 9 milhões de toneladas do cereal nesta safra, em relação à anterior. A produção total de 2017/18 ficará em 91,6 milhões de toneladas.

Algodão A Céleres espera um aumento de 400 mil toneladas de pluma neste ano, em relação ao anterior. A produção do país poderá atingir 1,9 milhão de toneladas.

Frango O Brasil quer entrar com ação contra as barreiras sanitárias que e União Europeia está colocando nas importações do frango brasileiro. A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) já está tomando as primeiras providências.

Suínos A ausência da Rússia faz falta para os exportadores brasileiros. As vendas externas do primeiro trimestre caíram para 155 mil toneladas, 13% menos do que em idêntico período do ano passado, segundo a ABPA.

Incentivos A ação direta de inconstitucionalidade 5.553 preocupa a Câmara Temática dos Insumos Agropecuários. A ação contesta no Supremo Tribunal Federal a redução de 60% da base de cálculo do ICMS de defensivos químicos nas saídas interestaduais e nas operações internas, assim como a isenção total do IPI sobre agroquímicos.

Mais custos A retirada desses incentivos resultaria em acréscimo de 10% nos custos do produtor, que será sentido principalmente pela cotonicultura, que tem margem de lucro de 12%. Os dados são da Câmara Temática. A retirada elevaria o custo de produção em R$ 700 por hectare, segundo Arlindo Moura, presidente da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão).

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