Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities

EUA ameaçam liderança do Brasil no agronegócio na União Europeia

Brasileiros têm queda nas exportações de proteínas, e americanos avançam nas vendas de soja

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O Brasil poderá perder o posto de principal fornecedor de produtos agropecuários para a União Europeia. As importações dos países europeus do bloco somaram € 11,9 bilhões (R$ 55,5 bilhões) no Brasil nos últimos 12 meses até julho. Esse valor corresponde a R$ 56 bilhões, com base na cotação de R$ 4,68 por euro do Banco Central.

Os Estados Unidos, país que ocupa o segundo lugar no ranking dos principais exportadores para a União Europeia, exportaram o correspondente a € 11 bilhões (R$ 51,4 bilhões), conforme dados da Comissão Europeia.

Essa mudança de posição pode ocorrer porque os dois países, importantes no cenário mundial de produção agropecuária, vivem momentos bem diferentes na relação comercial com os europeus.

O Brasil passa por um período de dificuldades nas vendas de alguns produtos para a Europa, que se aproxima mais dos Estados Unidos devido à guerra comercial dos americanos com os chineses.

Caminhão carregado cana trafega em canavial próximo à Central Energética Moreno, em Luiz Antônio (SP)
Brasil passa por um período de dificuldades nas vendas de alguns produtos para a Europa, que se aproxima mais dos Estados Unidos - Joel Silva/Folhapress

Em julho, as exportações brasileiras de produtos agropecuários para a União Europeia recuaram 3%, enquanto as dos Estados Unidos subiram 24%.

Um dos destaques no aumento recente das relações comerciais entre os dois gigantes é a soja, cujas importações europeias cresceram 13% em julho, em relação igual período do ano passado.

Para diminuir as tensões com os Estados Unidos no setor industrial, os europeus prometeram comprar mais produtos agrícolas dos americanos. Já o Brasil tem dado preferência às vendas da oleaginosa para os chineses, que pagam, inclusive, um valor superior ao praticado na Bolsa de Chicago.

Três países se destacaram na relação comercial com os europeus em julho. Além dos Estados Unidos, China e Chile também ganharam espaço. Já o Brasil, em um ranking de 20 países, teve a 16ª pior atuação.

Um dos motivos é o setor de proteínas. Líder nas exportações de carne de frango para a União Europeia até o ano passado, o Brasil vem perdendo espaço e foi superado pela Tailândia.

Os europeus colocaram barreiras ao produto brasileiro neste início de ano, impondo restrições às exportações para vários frigoríficos. Nos sete primeiros meses deste ano, as compras europeias de carne de frango recuaram 39% do Brasil, em relação a igual período de 2017.

O mesmo não ocorre, porém, com a carne bovina. De janeiro a julho do ano passado, 35% da carne bovina importada pela União Europeia tinha saído do Brasil. No mesmo período deste ano, o percentual subiu para 39%.

Os europeus gastaram € 115 bilhões (R$ 537 bilhões) na importação de alimentos de agosto de 2017 a julho de 2018. O problema é que as compras de commodities, onde o Brasil é forte, recuaram 9% no período. Já as importações de alimentos que tiveram algum tipo de processamento, onde o Brasil é menos atuante, subiram.

 

Inflação Os produtos agropecuários, que até abril tinham queda acumulada de 0,22% no atacado em 12 meses, já acumulam alta de 14,3% de outubro de 2017 a setembro de 2018. Os dados são do IGP-M da FGV.

Líderes Entre as altas no setor estão soja e milho, produtos que pesam no custo da produção de proteínas. Já o leite, com o fim da pressão da entressafra, começa a cair e pesar menos na inflação.

Rebanho paulista O número total de bovinos é de 10,3 milhões no estado de São Paulo neste ano, segundo dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola).

Gado Leiteiro O órgão apurou que 6,2 milhões de cabeças são de gado de corte, enquanto as vacas leiteiras somam 1,2 milhão e o gado da categoria mista, 3 milhões de cabeças. Houve queda do rebanho em todos os segmentos.

Leite Após sete meses em alta, o preço médio do leite pago ao produtor caiu em setembro. Conforme dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o recuo foi de 4,6%, para R$ 1,4748 por litro na média Brasil.

Acumulado Segundo Natália Grigol, pesquisadora do Cepea, mesmo com a queda deste mês, o valor atual do leite ainda é 36% superior ao de setembro de 2017, sem descontar a inflação.
 

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