O ano parecia ruim para o setor de fertilizantes, após a paralisação dos caminhoneiros, a ruptura na entrega de produtos e o imbróglio da tabela de frete. Não foi o que ocorreu.
O setor terminou 2018 —os dados ainda não estão disponíveis— com entrega recorde de produtos e deve começar 2019 com ritmo intenso.
O Brasil tem forte dependência externa no setor, e as compras de 2018 somaram 29,54 milhões de toneladas, com gastos de US$ 8,62 bilhões, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
Uma parte dessas importações não fica com as indústrias de adubos, mas é utilizada por outros setores.
Com isso, os números de importação do Siacesp (sindicato do setor) e da Anda (Associação Nacional para a Difusão de Adubos) indicam volume menor: 27,7 milhões de toneladas, 5,1% mais do que em 2017.
A indústria teve uma atividade intensa de julho a outubro, quando entregou 17,1 milhões de toneladas de fertilizantes, 9,4% mais do que em igual período anterior.
Não tirou os olhos, porém, da safrinha, que consumirá bom volume de adubo. No último trimestre, foram importados 8,7 milhões de toneladas, 22% mais do que de outubro a dezembro de 2017.
“O setor segue o padrão dos últimos 20 anos, crescendo a uma taxa anual de 5%”, diz Fabio Silveira, sócio-diretor da MacroSector Consultores.
Em 2018, a agricultura foi impulsionada pelas boas receitas, que cresceram de 3,5% a 4%, descontada a inflação. “E 2019 não vai ser muito diferente para insumos, devido ao colchão de preços que será proporcionado pela desvalorização cambial.”
Incertezas internas e externas provocarão turbulência, que será responsável por alta da taxa de câmbio.
Essa elevação do dólar aumenta as receitas dos produtores em reais.
As exportações de commodities não deverão ter a mesma intensidade das de 2018. Mas, mesmo com a queda de preços externos, o produtor vai ganhar. A desvalorização cambial garantirá receitas reais. Silveira estima o dólar em R$ 3,90, em média.
Em 2018, a desvalorização cambial garantiu boa parte dos lucros dos produtores, permitindo vendas maiores também para as indústrias de fertilizantes.
A comercialização de um volume maior de insumos, e a um preço melhor, reduziu os custos fixos médios, dando ganho de margens para as indústrias, segundo Silveira.
Da Arábia a Brumadinho
Se a tão decantada união dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente tivesse ocorrido, como queria o governo de Jair Bolsonaro, a titular da Agricultura, Tereza Cristina, estaria neste momento envolvida em dois sérios problemas no país: tentar entender por que a Arábia Saudita reduziu as compras de frango do Brasil e buscar as causas da queda da barragem de Brumadinho (MG) e seus culpados. Frango e tragédia humana e ambiental estão em duas searas bem diferentes.
O que puxou em 2018... No ano passado, a soja foi uma das responsáveis pelo crescimento das receitas agrícolas. Volume e preços garantiram liquidez para os produtores brasileiros.
...o que puxa em 2019 Neste ano, a participação da oleaginosa será discreta na renda do produtor, mas milho e cana deverão garantir retorno financeiro, segundo previsões da MacroSector Consultores.
Algodão Após alta de 17% em 2018, em dólares, a commodity retoma bom ritmo de venda externa em 2019. Neste mês, foram US$ 175 milhões, 64% mais do que em igual período de 2018.
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