Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Soja dribla estimativas em 2018 e deve dificultar previsões em 2019

Grande mudança no mercado se deveu à China, que barrou as importações dos EUA

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O cenário para a soja, em 2018, foi bem diferente do que o mercado estimou para ela no final de 2017. As previsões de exportação ficaram muito aquém do que realmente saiu do país, e os preços estiveram acima do esperado.

Provavelmente até o volume de produção da safra passada foi subestimado, uma vez que as vendas externas da oleaginosa dispararam no último trimestre de 2018, um período de escassez de produto.

Carregamento de soja no Tocantins
Carregamento de soja no Tocantins - Roberto Samora - 24.mar.18/Reuters

As previsões para esta safra 2018/19 também não serão fáceis. A estimativa de uma supersafra de até 130 milhões de toneladas pode não se concretizar, devido à seca em algumas regiões do país. As consultorias se debruçam sobre os números para refazerem as previsões.

O ano de 2018 acabou sendo uma grata surpresa para o setor, devido às fartas receitas obtidas. A Abiove (Associação das Indústrias de Óleos Vegetais  Vegetais) estimava, em dezembro de 2017, que as exportações do complexo soja (grãos, farelo e óleo) rendessem US$ 30 bilhões (R$ 112 bilhões, conforme cotação do dólar do Banco Central a R$ 3,7202).

Terminado o ano, a Secex (Secretaria de Comércio Exterior) indicou que apenas a soja em grãos rendeu US$ 33 bilhões. Ao todo, o complexo trouxe para o Brasil US$ 41 bilhões.

As exportações de soja em grãos, estimada inicialmente em 65 milhões de toneladas, atingiu 84 milhões em 2018. Apenas no último trimestre, um período que tradicionalmente é de pouca oferta, as exportações somaram 14,4 milhões de toneladas, o dobro de igual período de 2017.

A grande mudança ocorrida no mercado se deveu à China, que barrou as importações dos Estados Unidos, maior produtor mundial de soja. As negociações comerciais entre China e Estados Unidos degringolaram depois da chamada guerra comercial entre os dois países.

Com os EUA fora de mercado e a Argentina com oferta menor de soja, devido à quebra de safra, os chineses levaram 69 milhões de toneladas dos 84 milhões exportados pelo Brasil.

Esse cenário favorável para a soja permitiu que o mercado tivesse uma recuperação de preços de 10% no ano. A saca fechou 2018 a R$ 74,50. Em alguns momentos de pico chegou a ser negociada a R$ 88,50, como ocorreu em setembro do ano passado, conforme cotações da Agência Rural.

 

Inflação Os preços dos produtos agropecuários negociados no atacado acompanharam a inflação média no ano passado. O IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna) da FGV registrou uma alta de 7,52% nos agropecuários, um pouco acima dos 7,10% do IGP-DI médio.

Pesos No último mês do ano, a banana e o feijão foram os destaques no atacado, com aumentos médios de 16,2% e 14,51%, respectivamente. A carne bovina e o milho também estiveram no topo da lista. A proteína teve aumento de 4,67%, enquanto o cereal subiu 2,08%.

Etanol Com uma demanda forte e preços mais atrativos do que os da gasolina, o volume de álcool hidratado negociado pela usinas paulistas, de abril a dezembro últimos, superou em 46,5% o de igual período anterior. Os dados são do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Em baixa O café foi marcado por preços baixos em 2018, tanto o do tipo arábica como o do tipo robusta. Produção brasileira recorde e recuperação dos estoques globais seguraram os preços pagos aos produtores, segundo o Cepea.

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