Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vazio na oferta de feijão eleva preços no campo

Além das carnes, o consumidor deverá pagar mais também pelos cereais neste final de ano

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São Paulo

Não é apenas o churrasco que ficará caro neste final de ano. Quem fugir da carne, deverá pagar mais também pelos cereais.

No caso do feijão, há um vazio na oferta da leguminosa, o que elevou o valor da saca para o produto de melhor qualidade para até R$ 340. Há um mês, estava entre R$ 140 e R$ 180.

O retorno da oferta de feijão só virá a partir de fevereiro. O clima, causa da produção menor neste ano, atrasou o plantio da próxima safra.

Agricultor trabalha em plantação de feijão na zona rural de Pernambuco
Agricultor trabalha em plantação de feijão na zona rural de Pernambuco - Diego Herculano/Folhapress

O único alívio para o consumidor virá da demanda menor a partir da segunda quinzena do próximo mês. Com isso, os preços param de subir e se acomodam, segundo Vlamir Brandalizze, analista da Brandalizze Consulting, de Curitiba.

Não vai faltar produto, mas os estoques estão nas mãos de grandes produtores, que promovem as vendas aos poucos, segundo o analista.

Já os preços do arroz não têm mais espaço para altas. Negociado de R$ 42 a R$ 44 por saca há um mês, o cereal custa de R$ 45 a R$ 48 atualmente.

Apesar desse aumento, Brandalizze diz que o arroz está barato. Endividados, os produtores gaúchos aumentaram as vendas, impedindo uma possível recuperação dos valores do cereal.

Esse cenário de preço pouco competitivo deverá provocar uma nova redução da área de plantio de arroz no Rio Grande do Sul, diminuindo ainda mais a oferta do cereal no próximo ano.

Brandalizze diz que o arroz vive um período de "voos de galinha", o que afeta a liquidez tanto dos produtores brasileiros como a dos argentinos e dos uruguaios. Argentina e Uruguai são dependentes do mercado do Brasil.

A alta do dólar pode trazer competitividade ao cereal e abrir novos mercados externos. Um dos exemplos são as exportações desta semana para o México. O efeito dólar, no entanto, é limitado, segundo Brandalizze.

Na avaliação do analista, a interferência do clima na produção de arroz e de feijão deverá reduzir os estoques finais dos produtos.

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) prevê estoques finais de 393 mil toneladas de arroz no final da safra 2019/20. Os de feijão serão de 204 mil toneladas.

Brandalizze acredita que os estoques desses produtos ficarão abaixo dos projetados pela Conab.

De promessa à consolidação da biotecnologia na agricultura

Há 25 anos, não era fácil convencer os produtores de que a utilização de microrganismos no solo pudesse dar uma resposta rápida às necessidades de melhora da produção agrícola, gerando ganho de quantidade e de qualidade nos processos produtivos.

Os produtores de hortifrútis, que faziam pelo menos três safras por ano e, consequentemente, sofriam os efeitos do intenso desgaste do solo, foram os primeiros a dar crédito à novidade.

Mudar o pensamento dos produtores tradicionais, no entanto, ainda levaria mais tempo. Pouco permeáveis a mudanças, resistiam a crer que o manejo de leveduras, fungos e bactérias fosse capaz de interferir na parte biológica do solo e de melhorar também as suas condições químicas e físicas, indispensáveis para uma boa produção.

A aceitação da nova tecnologia, segundo o engenheiro-agrônomo Ney Ibrahim, diretor comercial da Alltech Crop Science no Brasil, só viria após um longo processo de quebra de paradigmas.

 Pode-se dizer que a biotecnologia saiu do status de promessa para consolidar um avanço real na agricultura.

Presente no Brasil desde 1995, a Alltech Crop Science atua no desenvolvimento de soluções naturais para a agricultura. O foco agora é entender o processo metabólico das plantas e identificar os agentes biológicos, segundo o diretor comercial da empresa.

 Essa utilização de microrganismos, que teve início na produção de verduras e frutas, já atingiu todas as grandes culturas, como a de soja, a de milho, a de cana-de-açúcar e a de feijão. 

A projeção de crescimento dessa biotecnologia na agricultura é de, pelo menos, 15% ao ano na próxima década.

As instituições de pesquisa, os investimentos da iniciativa privada e a modernização dos maquinários, que facilitaram a aplicação das novas tecnologias, contribuíram para o desenvolvimento do setor.

Ibrahim destaca, porém, a necessidade da evolução da legislação para permitir um aumento nos investimentos em pesquisas. Na opinião dele, a área de biotecnologia ainda tem muito espaço para crescer, pois, quanto mais se conhece o assunto, mais se percebe que há um grande número de possibilidades a explorar.


Café O mercado de café evoluiu bem nas últimas semanas, no momento em que muitos produtores dispõem de parte da safra colhida para a comercialização. Há negócios a R$ 470 por saca para o café arábica, até R$ 60 acima dos preços de há poucas semanas.

Café 2 Além da comercialização da safra atual a preços melhores, o cenário para a entrega futura também ficou mais atraente. Compradores oferecem R$ 515 por saca para o café a ser entregue em 2020 e até R$ 530 para o de 2021.

Café 3 Esse quadro pode servir de hedge importante para o produtor, que busca proteger os custos de produção e, até então, tinha pouco incentivo. A avaliação é de Cesar de Castro Alves, consultor de Agronegócio do Itaú BBA.

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