Se a agropecuária refletir o estresse que vive a economia brasileira, provocado pela Covid-19, o PIB (Produto Interno Bruto) agropecuário deverá crescer apenas 1,3% neste ano. Essa taxa fica bem distante dos 3,8% estimados antes da pandemia.
Se não houver um reflexo muito intenso da economia sobre as atividades agropecuárias, a evolução do PIB do setor ficaria entre 2,3% e 2,5%. Um desses reflexos pode ser a queda de demanda.
As estimativas são da Dimac (Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas) do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Para chegar à primeira estimativa, de 2,3%, o Ipea usou dados de produção agrícola da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). No caso da segunda, o 2,5%, se baseia em informações de produção do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Essa diferença de taxa se refere a estimativas divergentes dos dois órgãos, principalmente relação às produções de milho e de cana-de-açúcar.
Na avaliação do Ipea, a lavoura cresce 3,1% neste ano no PIB agropecuário, com base em dados do IBGE, ou 2,9%, tomando-se como referência dados de produção da Conab.
Já pecuária terá evolução menor, ficando em 1,5%. Neste caso, as bases de dados usadas pelo instituto foram IBGE, Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e estimativas próprias.
Do lado externo, a atividade agroeconômica vai bem. De janeiro a abril de 2020, as exportações brasileiras cresceram 7% em valor, em comparação com igual período do ano anterior.
Soja e carne bovina foram destaques positivos. Já milho e celulose foram pontos negativos neste quadrimestre, segundo os pesquisadores do Ipea.
No mercado interno, mesmo com a pandemia, os preços agropecuários, medidos pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), aumentaram em março.
A chegada do vírus no Brasil e o isolamento social causaram picos de demanda, que impulsionaram os preços de vários produtos em março. A partir de abril, os efeitos sobre os preços foram difusos.
O efeito de um eventual estresse da economia ser repassado para o agronegócio só não será maior no PIB porque o setor está sendo sustentado pelas produções de soja e de café. Já a carne poderá sofrer uma queda na produção nesse cenário adverso.
O PIB das lavouras do primeiro trimestre deste ano foi estimado em 3,9% pelo Ipea, considerando dados de safra do IBGE. Tomando-se como base as informações da Conab, a taxa é de 3,4%.
Já a produção de carne bovina teve queda de 6,5% no trimestre, mas a suína se destacou, com alta de 5%.
A taxa de 1,3% em um cenário de estresse ocorre devido à previsão de queda na pecuária neste ano. A lavoura, contudo, se mostra com um desempenho mais otimista na avaliação deste mês, em relação à de abril, segundo os pesquisadores do Ipea.
A cana, porém, é uma das culturas que têm sofrido mais o impacto da crise decorrente da Covid-19. Além da queda do petróleo, há uma desaceleração no uso de etanol.
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