Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Descrição de chapéu Ásia

China pisa no freio, e Brasil poderá não ter exportação recorde de soja

Departamento de Agricultura dos EUA reduz compras chinesas para volume inferior a 100 milhões de toneladas

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Um dos dados que chamam a atenção no relatório de oferta e demanda do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) deste mês, divulgado nesta quinta-feira (12), é que a China está pisando no freio nas importações de soja.

Para o período 2020/21, que se encerra em 30 de setembro, o órgão americano prevê compras chinesas de 97 milhões de toneladas. Nos relatórios anteriores, a expectativa era de 100 milhões.

O Usda acredita que as importações chinesas poderão ser menores do que o previsto também na próxima safra, a 2021/22, que se inicia em outubro deste ano. Para o período, os americanos agora preveem 101 milhões de toneladas, abaixo dos 102 milhões anteriores.

Grãos de soja caídos em estrada rural durante colheita, nas proximidades de Londrina-PR - Sergio Ranalli - 04.mar.2021/Folhapress

Esses números, se confirmados, afetam o Brasil. A China vem fazendo compras isoladas, tanto dos brasileiros como dos argentinos e dos americanos. Com isso, vai ser difícil o Brasil atingir o recorde de exportação de 86 milhões a 87 milhões de toneladas previstos por alguns órgãos, afirma Daniele Siqueira, da AgRural.

Os números deste ano já indicam uma retração. De janeiro a julho, o Brasil exportou 66,2 milhões de toneladas, abaixo dos 68,7 milhões de igual período do ano passado.

As compras chinesas, que haviam somado 49,6 milhões de toneladas nos sete primeiros meses de 2020 no Brasil, recuaram para 46,8 milhões neste ano.

A pressão dos preços das carnes suínas diminuíram, e os chineses mudaram um pouco a composição da ração, com menor utilização de farelo de soja.

O próprio Usda já não acredita mais em um avanço tão acentuado das vendas externas brasileiras. Em junho, estimavam que o Brasil exportaria 86 milhões de toneladas. Reduziram o volume para 83 milhões em julho e, agora, esperam 82,5 milhões.

A China vai elevar as compras de soja dos Estados Unidos a partir de outubro. O reflexo dessa exportação menor de soja pelo Brasil seria uma contenção da evolução dos preços internos.

Siqueira alerta, no entanto, que tudo isso depende do andamento da safra norte-americana, que só terá uma definição melhor de produtividade e de volume a partir do final deste mês.

A produtividade da soja, ao contrário da do milho, ainda não está tão definida. No caso do cereal, o relatório deste mês faz a primeira estimativa real para os estados produtores. Até então, os números seguiam apenas uma estimativa de linha de tendência de anos anteriores.

Nos números deste mês, a produção de milho tem uma quebra de 10,5 milhões de toneladas em relação às expectativas anteriores. Com isso, o Usda reduz as exportações dos EUA para 61 milhões de toneladas e ajusta a do Brasil para 23 milhões.

Quanto ao número do Brasil, ele ainda é elevado, segundo estimativas de algumas consultorias. Argentina e Ucrânia poderão ganhar parcela desse mercado deixado por EUA e por Brasil.

Os estoques finais de milho recuam para 31,5 milhões de toneladas nos EUA no final da safra 2021/22, o suficiente para um mês de consumo.

O relatório de oferta e demanda mensal do Usda apontou que a safra americana de soja deverá somar 118 milhões de toneladas em 2021/22 e que os estoques finais se mantêm baixos, em 4,2 milhões. Já a produção brasileira poderá atingir 144 milhões de toneladas.

VBP O Valor Bruto da Produção, considerando 22 dos principais produtos do país, deverá somar R$ 1,1 trilhão neste ano, 10% a mais do que em 2020. No ano passado, a evolução já havia sido de 17% sobre 2019.

Lavouras Vão render R$ 757 bilhões neste ano, com evolução de 13% sobre 2020. Já a pecuária deverá somar R$ 352 bilhões. Soja, bovinos e milho lideram a lista dos maiores Valores Brutos de Produção, segundo Ministério da Agricultura.

Pecuária Os abates de bovinos caíram 4,5% no segundo trimestre deste ano em relação a igual período anterior. Já os de suínos e de frango cresceram 7,1% e 7,4%, respectivamente.

Menos leite Os números, ainda preliminares, são do IBGE, que aponta também queda de 1,2% na captação de leite no período, mas alta de 2,6% na aquisição de couro cru bovino pelos curtumes.

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