Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Vaivém das Commodities
Descrição de chapéu inflação juros

Preços recuam em outubro, mas ainda estão em patamar elevado

Números se acomodaram no campo e não há perspectivas de retorno aos baixos valores anteriores

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A taxa de inflação dos alimentos começa a registrar pressão menor nas últimas semanas, mas isso não significa alívio para o consumidor, principalmente para o de menor renda.

Os preços de negociações dos alimentos se acomodaram no campo, mas em patamar bastante elevado, e não há perspectivas de retorno aos baixos valores anteriores.

Apesar de grande produtor de alimentos, boa parte do que o Brasil produz vai para o exterior, o que basicamente determina os preços internos.

Feira no Rio de Janeiro - Ricardo Moraes - 2.set.2021/Reuters

Além disso, o Brasil faz, neste ano, importações recordes de grãos, provocadas tanto pelo excesso de exportações assumidas anteriormente, caso da soja, como por quebra de produção interna, caso do milho.

A definição dos preços internos dos produtos agropecuários também passa pelo dólar, que se mantém com cotação elevada. A alta da moeda dos Estados Unidos eleva a entrada de reais nas exportações, mas torna importações mais caras e dá suporte aos preços internos, trazendo as pressões externas para o consumidor brasileiro.

Além do dólar, os alimentos que saem ou que chegam ao país têm o impacto do frete marítimo, desorganizado desde o início da pandemia.

Mesmo que a taxa de inflação indique estabilidade ou até queda na alimentação, a renda do consumidor está achatada pelo desemprego e pela redução de atividades dos autônomos. Nos últimos dois anos, os alimentos subiram 33% para os consumidores paulistanos, segundo a Fipe.

Entre as quedas no campo, uma das principais é a da arroba de boi, que ocorre devido a uma interrupção de compras pela China, principal importadora de produtos brasileiros.

Passada essa interrupção, a demanda voltará a pressionar os preços no Brasil, embora com intensidade menor do que nos meses anteriores. A China recompôs estoques de carne bovina e está elevando a produção de carne suína.

A suspensão das importações de carne bovina pelos chineses fez a arroba de boi gordo, que chegou a R$ 319 de média no mercado paulista em julho, recuar para R$ 269 em outubro.

No último dia útil do mês passado, a arroba esteve em R$ 257,10, segundo o Cepea.

A queda nos preços da carne bovina provoca desaceleração também nas demais proteínas. Tanto frango como carne suína terminaram o mês passado com preços menores do que os da média do mês.

O frango fechou outubro a R$ 7,79 por quilo, abaixo da média de R$ 8,05 do mês. A carne suína recuou para R$ 6,72, contra média de R$ 7,23.

O milho também perde valor. O avanço da safra, a redução das exportações e o aumento do volume de cereal que chegou ao país via importação derrubaram os preços. Mesmo assim, a média de outubro deste ano supera em 23% a de igual período de 2020.

Alguns produtos, devido a seca e geada, continuam em alta. O café é um deles. A saca do tipo arábica esteve, em média, em R$ 1.222,20 no mês passado. Há um ano, estava em R$ 537.

O Brasil, além da perda de produtividade na safra que se encerrou, deverá ter redução na próxima, uma vez que parte da lavoura cafeeira foi afetada por geada.

O consumidor ainda vai pagar caro por um bom tempo pelo açúcar. O clima afetou lavouras de cana, a produção caiu e a entressafra será antecipada, mantendo em alta os preços tanto do açúcar como do etanol. As lavouras ainda estão recebendo a pressão dos custos de fertilizantes, agroquímicos e diesel.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.