Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Brasil diversifica mais, e China perde participação no agronegócio brasileiro

Chineses reduziram compras em volume de soja e carne, dois dos nossos principais itens de exportação

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O Brasil conseguiu diversificar mais as exportações do agronegócio em 2021 e, consequentemente, a China perdeu espaço. O país asiático, no entanto, ainda é, de longe, o principal mercado para os produtos brasileiros.

Devido à alta dos preços das commodities, os chineses despenderam muito mais com as importações no Brasil em 2021. Em volume, no entanto, há queda nos principais itens.

A Ásia, embora tenha aumentado em 17,5% os gastos nas importações de produtos da agropecuária brasileira, registrou uma participação de 51,3% no total das vendas externas nacionais em 2021, menor do que em 2020.

Os chineses mantiveram, em valores, uma participação de 30% no agronegócio. Porém, reduziram as compras em volume em dois dos principais itens de exportação brasileiros: soja e carne.

No caso da soja, a disputa entre Brasil e Estados Unidos para exportar para a China foi mais acirrada em 2021.

Já no setor de carnes, os chineses colocaram barreiras à proteína bovina brasileira em setembro, o que afetou as exportações do último trimestre.

Grãos de soja caidos em estrada rural durante colheita, nas proximidades de Londrina-PR - Sergio Ranalli - 4.mar.2021/Folhapress

As vendas externas brasileiras de soja para a China somaram 60,5 milhões de toneladas em 2021. O volume ficou estável em relação ao de 2020, mas a participação do país asiático nas vendas totais brasileiras recuou para 70%. O Brasil exportou 86,5 milhões de toneladas da oleaginosa, 4% a mais do que em 2020.

No setor de carne bovina, os chineses compraram apenas 15 mil toneladas nos meses de outubro a dezembro do ano passado. Em 2020, o volume havia sido de 269 mil. Eles deixaram de gastar US$ 1 bilhão no período no Brasil.

O embargo da China fez o Brasil arrecadar 52% a menos com as exportações totais de carne bovina no último trimestre em relação a igual período de 2020. Em volume, a queda foi de 37%.

Os mercados dos EUA e do Chile foram importantes para o Brasil realocar, em parte, a carne que a China deixou de comprar. Além disso, o Sudeste Asiático e alguns países da Europa elevaram as compras do produto brasileiro.

Os EUA saíram da 9ª posição na lista dos principais importadores de carne bovina do Brasil no último trimestre de 2020 para a 2ª no mesmo período do ano passado.

Outros mercados foram importantes para o Brasil não apenas pela compra de carnes mas também pela aquisição de soja. Na América do Norte, países que mais cresceram em participação no agronegócio brasileiro, houve uma presença maior de mexicanos e canadenses nesses setores.

Na Europa, a Espanha se torna um dos principais mercados para o Brasil. Até a França, apesar das críticas, aumentou as importações de soja, em 183%, em 2021.

Na América do Sul, foi o Chile que elevou as compras de carne, o mesmo ocorrendo com alguns países asiáticos, como a Indonésia e a Tailândia. Bangladesh aumentou as compras não apenas de carne mas também de açúcar, soja, cereais e óleos vegetais.

Já o Irã voltou ao mercado brasileiro, com aquisições de cereais, soja, carnes e açúcar. As importações somaram US$ 2 bilhões, e o país ficou com 2% das exportações de alimentos feitas pelo agronegócio brasileiro.

O Brasil está conseguindo também uma diversificação maior. As vendas externas de feijão atingiram o recorde de 215 mil toneladas em 2021, com a Índia ficando com 103 mil. Em reais, as exportações superaram R$ 1 bilhão, o que irriga um setor que, normalmente, fica à mercê do mercado interno.

As exportações são de variedades não muito apreciadas pelo consumidor brasileiro, que tem preferência pelo feijão-carioquinha.

O país atingiu também, pela primeira vez, a marca de US$ 1 bilhão em exportações de frutas. O produto brasileiro foi distribuído do Reino Unido e Canadá a Bangladesh.

Foi comercializado 1,2 milhão de toneladas, no valor de US$ 1,11 bilhão em 2021.

As exportações deste ano começam aquecidas novamente. Os dados desta segunda (10) da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) mostram que a carne que estava represada fluiu bastante nesta primeira semana do mês.

As vendas externas de carne de frango atingiram média diária de 23 mil toneladas, com alta de 69% ante janeiro de 2021. As exportações de carne bovina aumentaram 32%; e as de porco, 42%, em relação ao mesmo período.

A demanda externa continua firme, e os preços estão aquecidos. Os valores das carne bovina e de frango subiram 12% e 15%, respectivamente. A de suínos recuou 11%.

As vendas externas de soja e de milho deste início de ano também estiveram bem acima das de janeiro de 2021, mostra a Secex.

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