Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities
Descrição de chapéu inflação

Alta de até 245% no campo afeta poder de compra do consumidor

Café teve aumento de 245% nos últimos três anos, enquanto feijão, mandioca e açúcar dobraram de preço

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Os preços dos produtos agropecuários dispararam no campo nos últimos três anos. Demanda internacional, alta externa, seca e geadas levaram a esse cenário.

Essa alta ocorre em um período de elevada taxa de desemprego e de baixa renda dos consumidores.
Este ano será mais um período de novos desafios. Para o consumidor, principalmente o de baixa renda, conseguir colocar comida na mesa.

Para o produtor, enfrentar os novos custos de produção vindos, em boa parte, do exterior. Além dos insumos, o dinheiro também ficou mais caro com a alta dos juros.

Colheita de soja em Mato Grosso; estado é responsável por 10,2% da produção mundial
Colheita de soja em Mato Grosso - Secom

Os consumidores de baixa renda, que já vêm reduzindo o consumo de itens básicos, vão continuar com dificuldades de abastecimento.

Os preços elevados dos insumos de produção, cotados com base no dólar, podem retirar parte dos pequenos produtores do sistema, principalmente os voltados para o mercado interno.

Além de não ter os benefícios do dólar nas operações de exportação, como o que ocorre com o setor de soja, esses produtores terão de repassar novos custos para uma população empobrecida.

O feijão e a mandioca praticamente dobraram de preços. Já o arroz, após uma aceleração no ano passado, recuou, mas ainda está 56% acima dos valores nominais do final de 2018.

A inflação acumulada de 2019 a 2021 foi de 21%, enquanto a alimentação subiu 35,5% no período, conforme dados da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

O comportamento dos preços neste ano não dá sinais de queda, uma vez que a demanda externa se mantém. Mesmo sem novas altas, o patamar atual dos preços, após sucessivas elevações nos últimos três anos, é elevado.

Pode até indicar uma pressão menor nos índices de inflação, que comparam preços médios com preços médios, mas não no bolso do consumidor, que perdeu sua capacidade de compra.

O consumidor está sendo afetado pela alta de todos os produtos, e boa parte desses aumentos ainda está por vir.

A elevação do café de 245% no campo, líder de aumento nesse período, ainda não foi toda incorporada pela indústria.

Os grãos e as proteínas vão continuar sendo exportados, mas essa demanda externa traz novos custos para os consumidores nacionais, uma vez que o dólar está elevado, sem sinais de queda em um período eleitoral.

A previsão de safra para este ano é recorde, podendo atingir 290 milhões de toneladas. Esse volume se compõe, basicamente, de soja e de milho, que já apresentam situações irregulares em alguns estados, devido ao clima.

A área de cultivo de feijão no Paraná está sendo afetada por seca. Já em partes de Minas Gerais e de Goiás, o excesso de chuva prejudica a colheita.

As carnes tiveram forte expansão de preços nos últimos três anos, devido à demanda chinesa. Em 2018, o país asiático foi afetado pela peste suína africana, que reduziu a produção interna de carne de porco, a principal da China.

A recomposição do rebanho de suínos não está tão rápida como o previsto, o que deverá garantir exportações brasileiras para aquele mercado neste ano.

A arroba de boi gordo, com a volta da China ao mercado do Brasil, termina o ano de 2021 com valores recordes, cotada a R$ 336,50, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
Além da demanda chinesa, o Brasil passa por um período de oferta menor de gado para abate, o que poderá ter um alívio apenas no segundo semestre deste ano.

Quanto aos produtores, a realidade de 2022 é bem diferente da dos três anos anteriores. Os custos subiram de patamar e, mesmo com a manutenção dos preços atuais das commodities, as contas deverão ser levadas na ponta do lápis. Caso contrário, não fecham.

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