Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Descrição de chapéu transição de governo

CNA não participa do governo de transição

Propostas já foram apresentadas aos candidatos no período eleitoral, segundo entidade, que apoiou Bolsonaro

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A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) não está participando do governo de transição. Segundo a entidade, as propostas para o governo já foram apresentadas em agosto último, em um encontro das federações de agricultura do país.

O programa entregue aos candidatos à época já era uma cartilha que apontava para um desenvolvimento nacional sólido. E se o país vai bem, o agronegócio também irá, diz Bruno Lucchi, diretor técnico.

João Martins, presidente da CNA, diz que, se as medidas adotadas pelo novo governo não atender às demandas dos produtores, o setor irá discuti-las.

O presidente da CNA, João Martins - Adriano Machado - 3.abr.2019/Reuters

A CNA se manifestou abertamente à continuidade do governo de Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral, se posicionado contra uma eventual eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, o que ocorreu.

Sobre uma eventual dificuldade de relacionamento com o novo governo, a entidade afirma que representa mais de 5 milhões de trabalhadores rurais.

As relações institucionais são necessárias de ambas as partes, e os governos têm de negociar com os representantes dos produtores rurais.

A entidade não vê com bons olhos também uma PEC da Transição com um período prolongado. Um ano seria o suficiente para um uma definição de novas regras.

Para Lucchi, um aumento do endividamento vai acelerar a inflação e prejudicar exatamente os que o governo pretende defender.

O agronegócio, que vem de um período de constantes aumentos de renda, terá de conviver com custos elevados e taxas menores de crescimento em relação ao período áureo dos anos recentes.

Neste ano, o PIB (Produto Interno Bruto) deverá recuar 4,1%. No próximo, vai variar de uma estabilidade a um aumento de 2,5%. Apesar dessa possível recuperação em 2023, a evolução do PIB fica muito distante dos aumentos de 23,4% em 2020 e de 9,1% no ano passado.

É bom lembrar que o critério de avaliação do PIB da CNA (a pesquisa é feita pelo Cepea) é bem diferente do realizado pelo IBGE. Os dados não são comparáveis.

O IBGE acompanha a produção dentro da porteira, considerando o volume obtido pelos produtores. A previsão, com base no órgão governamental, é de uma alta de 1,5% em 2023 no setor agropecuário. Já a CNA engloba toda a cadeia do agronegócio.

Além da produção dentro da porteira e dos preços das mercadorias, inclui insumos, agroindústria e agrosserviços. Ou seja, todas essas cadeias, na média, serão afetadas em 2023, se não houver uma evolução positiva da taxa do PIB.

Os desafios do agronegócio não se limitam a problemas internos. Terceiro maior exportador mundial de alimentos, o Brasil vai encontrar uma economia mundial com um ritmo menor de crescimento em 2023.

A inflação vai arrefecer, mas não volta aos patamares anteriores, segundo Lucchi. Produtos como soja e milho, que terão estoques mais favoráveis, devem perder preço, o que não ocorre com o trigo, devido a dificuldades de produção na União Europeia, Ucrânia e Rússia.

A safra brasileira de grãos deverá superar os 300 milhões de toneladas, embora o risco clima sempre pode alterar essas estimativas.

Apesar da produção tão elevada, a redução dos preços faz com que o VBP (Valor Bruto de Produção) total suba apenas 1,1%. O VBP da agricultura cresce 2,8%, e o da pecuária cai 2,3%, segundo a CNA.

Do lado externo, avanços nas negociações de acordos entre países e blocos são pontos animadores. As ameaças de sanções de grandes importadores, como a União Europeia, devido ao desmatamento, porém, são preocupantes, segundo Sueme Mori, diretora de Relações Institucionais da entidade.

Além dessas ameaças de barreiras nas importações, os produtores vão encontrar uma demanda menor nos países desenvolvidos. Já os países em desenvolvimento devem manter um ritmo maior de compras de alimentos.

A melhora do mercado externo passa tanto pela posição governamental, que deve abrir novos mercados, como pela da iniciativa privada, que tem de ampliar a base exportadora com mais empresas, afirma Mori.


Confinamento O país teve 6,95 milhões de cabeças de gado em confinamento neste ano, 4% a mais do que em 2021. Os dados são do censo da DSM 2022.

Confinamento 2 A atividade vem crescendo ano a ano no Brasil. Em 2015, início do levantamento, eram 4,75 milhões de bovinos.

Confinamento 3 Técnicos da DSM afirmam que os pecuaristas perceberam que o confinamento é uma ferramenta que contribui para melhorar a produtividade do rebanho.

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