Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Soja e milho vão ter preços bons para produtores brasileiros

Rentabilidade vai depender dos gastos com insumos, que subiram muito

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Os produtores brasileiros poderão ter mais um ano de preços bons para soja e para milho. Não serão nada explosivos, mas as condições internas e externas favorecem o país.

Daniele Siqueira, analista da AgRural, diz que os valores atuais de negociações em Chicago não estão muito distantes das cotações máximas já registradas por esses produtos.

O contrato de março da soja foi negociado, nesta quarta-feira (4), a US$ 14,8350 em Chicago, enquanto a cotação máxima alcançada pela oleaginosa para esse mesmo contrato havia sido US$ 15,7225 por bushel (27,2 kg), em 9 de junho de 2022.

Caminhão é carregado com soja em cooperativa no DF - Pedro Ladeira - 15.mai.2020/Folhapress

No caso do milho, o cereal terminou esta quarta-feira a US$ 6,5375 por bushel (25,4 kg), não muito distante do recorde de US$ 7,6850 de 16 de maio do ano passado.

Com a chegada da safra dos norte-americanos e a atuação dos fundos de investimentos, os preços enfraqueceram nos primeiros meses do segundo semestre do ano passado.

Os fundos, avessos a riscos, reduziram a participação no mercado de commodities devido à elevação dos juros e à esperada recessão mundial. Com isso, os preços recuaram.

Os números da safra dos Estados Unidos, porém, voltaram a dar sustentabilidade às negociações, sem grandes chances de quedas.

Os Estados Unidos produziram 8 milhões de toneladas abaixo do que esperavam. O esmagamento da oleaginosa está aquecido no país, e os estoques estão apertados.

Daqui para a frente, os olhares se voltam para a América do Sul, segundo Daniele. O Brasil deverá obter uma supersafra, mas em algumas regiões, como no Rio Grande do Sul, o clima começa a afetar parte das lavouras.

As complicações climáticas afetam também as lavouras da Argentina, país que é o terceiro maior produtor mundial. Brasil lidera, e os Estados Unidos vêm a seguir.

Alguns fatores, no entanto, não permitem uma expansão maior dos preços, com base nas informações que se têm até agora desse mercado.

As compras chinesas são fatores determinantes. Na safra 2021/22 compraram 91,6 milhões de toneladas. Nesta, deverão adquirir 98 milhões.

Mesmo com uma previsão de quebra na safra argentina, porém, a produção da América do Sul deverá ser de pelo menos 30 milhões de toneladas a mais do que foi no ano passado, segundo a analista. A demanda não acompanha a oferta, afirma ela.

A comercialização interna brasileira também vai ser determinante para a formação dos preços. As vendas da safra 2022/23 são as mais atrasadas desde o período de 2008/09. Uma supersafra e a pressão de vendas podem inibir os preços. O valor do dólar é a esperança para o produtor, avalia ela.

Daqui para a frente, portanto, China, tamanho das safras argentina e brasileira, expectativa de plantio nos Estados Unidos (que começa em abril) e participação dos fundos de investimentos vão determinar os valores da soja.

No caso do milho, os produtores brasileiros deverão ter preços melhores, mas nada explosivos. A Ucrânia continua com dificuldades para exportar, e a Argentina impôs limites às exportações.

Além disso, a safra 2022/23 dos argentinos passa por condições climáticas adversas, e as exportações dos Estados Unidos estão mais lentas devido às dificuldades de exportações pelo rio Mississippi. A preferência foi para o escoamento da soja.

Tudo isso traz os principais importadores mundiais do cereal para o Brasil. Vai ser um primeiro trimestre de exportações aquecidas. Só as previsões de janeiro já indicam 6 milhões de toneladas, afirma Daniele.

Conforme dados do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), a produção de soja da safra 2022/23 da América do Sul —ainda sem considerar a esperada quebra na Argentina— deverá subir para 217 milhões de toneladas, acima dos 181 milhões de 2021/22.

A produção mundial da oleaginosa vai a 391 milhões, com consumo total previsto em 381 milhões. A produção e o consumo de milho ficam praticamente estáveis, ambos em 1,16 bilhão de toneladas.

No previsto bom patamar de preços do milho e da soja no Brasil, a rentabilidade dos produtores vai depender de como foram feitas as compras dos insumos, que subiram muito no ano passado.

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