Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Estoques mundiais de grãos aumentam, inibindo alta de preços

No final desta safra, os armazéns terão 10% a mais de milho do que na anterior

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São Paulo

A recomposição dos estoques mundiais de grãos continua em 2023/24, o que inibe ainda mais uma alta nos preços internacionais das commodities.

É o que mostram dados desta quinta-feira (1º) do Amis, um sistema que fornece uma síntese de mercado das dez principais entidades que acompanham o setor, entre elas a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura).

O sistema acompanha o desempenho de trigo, milho, arroz e soja, indicando produção, demanda, mercado internacional, estoques e preços desses produtos.

Produção de arroz no Assentamento Filhos de Sepé do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), no Rio Grande do Sul. Produtor segura mudas de arroz
Produção de arroz no Assentamento Filhos de Sepé do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), no Rio Grande do Sul - Marcos Nagelstein/Folhapress

Ao final da safra 2023/24, vão sobrar nos armazéns do mundo 315 milhões de toneladas de milho, um volume 10% superior ao de 2022/23. Esses estoques finais representam 26% do consumo mundial.

O volume de trigo no final da safra fica estável em 320 milhões de toneladas, mas representa 40% do consumo mundial de 2023/24. O arroz, com forte tendência de alta no mercado internacional, mantém os estoques estáveis em 199 milhões de toneladas, um volume que cobre 38% da demanda mundial.

A soja, o produto que mais preocupa os produtores brasileiros no momento, devido à constante redução de preços, terá um aumento de 14% nos estoques finais nesta safra.

Há quebra de safra no Brasil, mas a produção se recupera em outros países. Os estoques finais são suficientes para 13% do consumo mundial, que atinge 389 milhões de toneladas.

Evolução mundial das safras e consequente recomposição dos estoques forçam uma baixa nos preços internacionais. O milho, cuja produção sobe para 1,21 bilhão de toneladas em 2023/24, esteve com uma redução de preços de 30% em janeiro, em relação a igual período do ano anterior.

A soja acumula queda de 23%, e o trigo, de 22%. Já o arroz, embora mantenha a produção elevada de 525 milhões de toneladas, continua com alta nos preços devido a barreiras impostas por grandes exportadores, como a Índia.

Na avaliação do Amis, o sistema de transporte de grãos passa por um período de estresse, tanto por problemas climáticos como geopolíticos.

As recentes secas provocaram redução de navegabilidade no Reno, na Alemanha; no Mississippi, nos Estados Unidos; no Tapajós, no Brasil, e no canal do Panamá.

Já os conflitos geopolíticos trazem problemas à navegação no mar Negro e no mar Vermelho, elevando o custo dos fretes da Europa para a Ásia e vice-versa. Esse é um ponto que pode mexer com os preços enquanto durarem esses conflitos.

Sinal amarelo Chuvas concentradas em poucas regiões e calor intenso acendem sinal de alerta na Argentina. A estimativa de safra de até 52 milhões de toneladas de soja pode não se confirmar, e o volume ser inferior a 50 milhões, segundo algumas estimativas.

Crédito O BNDES destinará R$ 800 milhões para a construção de uma unidade de esmagamento de soja da cooperativa Copasul, de Naviraí (MS).

Crédito 2 O banco fará, ainda, aporte de R$ 175 milhões em um investimento de um fundo, em parceria com AGI Brasil, para compra de equipamentos para armazenagem de grãos

Milho Muitos produtores podem migrar para culturas mais rentáveis ou seguras neste ano, como o algodão e o sorgo, diante do cenário desfavorável que se apresenta para o milho, segundo a consultoria Céleres.

Milho 2 Com isso, a produção de inverno deverá recuar 9 milhões de toneladas, reduzindo o potencial de exportações. Segundo a consultoria, as vendas externas devem cair para 50 milhões de toneladas neste ano.

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