Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities
Descrição de chapéu alimentação China

Com clima e preços desfavoráveis, CNA pede medidas do governo

Para entidade, apesar da quebra de safra, preço não reage e produtor perde margem

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São Paulo

Clima e mudanças no cenário mundial levaram a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) a solicitar uma série de pedidos ao ministro Carlos Fávaro nesta quarta-feira (31).

Do lado do clima, os efeitos do El Niño trouxeram perdas tanto por excesso de chuva em algumas regiões como por seca em outras. Do lado do mercado, as commodities mantêm uma tendência de queda devido a uma produção mundial robusta.

A demanda perdeu ritmo, principalmente por parte da China, e os estoques mundiais estão sendo recompostos. A quebra da safra no Brasil não consegue interferir nos preços internacionais, devido ao aumento de produção em outros países.

Plantação de café
El Niño historicamente afetou negativamente a produção de café no Brasil - Getty Images

Os números de quebra no Brasil, ainda estimativas, são fortes. No caso da soja, a consultoria Agroconsult previa um potencial produtivo inicial de até 169 milhões de toneladas para a safra 2023/24. Esses números estão sendo revistos, e a Datagro já estima apenas 148,6 milhões.

Os preços mantêm queda e só serão influenciados por eventuais quebras no Rio Grande do Sul e na Argentina, regiões que prometem boa recuperação de produção neste ano.

Segundo a CNA, a soja está sendo comercializada com um recuo de 27% nos preços deste mês, em relação a igual período do ano passado, O milho acumula retração de 22% no mesmo período.

O novo cenário no setor agrícola faz com que o produtor perca renda e tenha dificuldades para assumir compromissos financeiros previamente contratados, segundo a CNA.

Por isso, a entidade levou ao ministro Fávaro um pedido de prorrogação das operações de crédito por pelo menos 12 meses, mantendo as mesmas regras do contrato inicial.

A entidade quer também uma renegociação das operações de crédito rural vencidas e uma antecipação das linhas de pré-custeio.

A CNA quer, ainda, uma implementação dos instrumentos de apoio à comercialização, atualizando preços mínimos, instaurando Pepro e PEP e uma retomada de AGFs (Aquisição do Governo Federal).

A confederação sugere um fortalecimento de programas de vendas em balcão, principalmente na aquisição de milho por pequenos e médios produtores.

O último item das demandas enviadas ao governo destaca a necessidade da ampliação do PGPAF (Programa de Garantia de Preço para a Agricultura Familiar).

Com a aproximação das discussões do novo Plano Safra de 2024/25, a entidade quer iniciar um diálogo para garantias de política agrícola e ampliação do programa de subvenção ao prêmio de seguro rural, principalmente porque as condições climáticas ficam cada vez mais instáveis.

O documento entregue ao ministro Fávaro foi assinado pelo presidente da CNA, João Martins da Silva Junior, mas entregue pelo vice-presidente, José Mário Schreiner.

Após um período de preços elevados e de boas margens de ganho, o setor espera para os próximos dias um anúncio de medidas protetivas por parte do governo, devido ao cenário desfavorável que se apresenta para este ano.

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