Vinicius Mota

Secretário de Redação da Folha, foi editor de Opinião. É mestre em sociologia pela USP.

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Falta de liderança mata e empobrece

Crise do coronavírus, de efeitos ciclópicos, vai separar as crianças dos adultos na vida pública

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Nossas autoridades tiveram tempo para se preparar. A Covid-19 exibiu seus traços na Ásia e na Europa. Em quase três semanas de observações no Brasil, a evolução dos casos confirmados imita as piores trajetórias das nações ricas.

A perspectiva não é boa. Nessa marcha, haverá cerca de 60 mil casos na primeira semana de abril. Se 5% precisarem de cuidado intensivo, serão 3.000 leitos de UTI a mobilizar, quase metade dos que estão desocupados em todo o país.

Dá para prever também que, conforme a epidemia se alastre, as medidas restritivas serão reforçadas, a ponto de ocorrerem em regiões como São Paulo e Rio ordens de recolher draconianas, como as que vigoram hoje na Itália e na Espanha.

Cinegrafista, com luvas, trabalha em rua vazia em Barcelona - Nacho Doce/Reuters

As consequências para a vida das pessoas e das empresas serão ciclópicas. Será preciso acionar mecanismos emergenciais não só de atendimento médico, mas também de abastecimento, garantia de renda, segurança pública e proteção para os setores populares vulneráveis, que no Brasil são vastos.

A atividade econômica vai esfriar fortemente durante semanas. Trabalhadores por conta própria ficarão depauperados. Empresas irão à falência se não tiverem linhas de empréstimo de urgência. Governos verão as suas receitas despencarem.

Há recursos para lidar com todos os aspectos da crise. Gastos emergenciais, por definição e pela lei, podem ser feitos sem a preocupação de ferir o teto das despesas federais. A meta de déficit fiscal deverá ser ampliada para dar conta do desafio.

O que falta é liderança, governança e planejamento. O presidente da República só cria confusão, e o Congresso começa a adernar para a irresponsabilidade e a vingança pueril. A política praticada nesses termos vai matar e empobrecer mais.

Mas esta crise há de separar os adultos das crianças na vida pública. O país que, em algumas semanas, sair dela será muito diferente do que está entrando. Bolsonaro, por suas atitudes irresponsáveis, corre o risco de ser atropelado.

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