Walter Casagrande Jr.

Comentarista e ex-jogador. É autor, com Gilvan Ribeiro, de "Casagrande e seus Demônios", "Sócrates e Casagrande - Uma História de Amor" e "Travessia"

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Walter Casagrande Jr.
Descrição de chapéu LGBTQIA+

Atletas conservadores entopem nossos ouvidos; onde estão os esportistas democratas?

Alguns esportistas conservadores se sentem livres para espalhar preconceito e homofobia

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Alguns representantes do esporte conservador e seus comportamentos são assustadores pela falta de respeito e ética, pela ausência de comprometimento com a verdade, pelo preconceito ou pela violência.

De uns tempos para cá, e não é coincidência que seja desde que Jair Bolsonaro virou presidente, esportistas que nunca abriram a boca para nada passaram a se sentir seguros para escancarar suas verdadeiras faces, graças ao aval do "brochável".

"Capitã" dos representantes conservadores do esporte, Ana Paula Henkel, além demonstrar apoio a figuras violentas como Daniel Silveira, continua espalhando fake news.

Coletivos de torcidas de futebol realizam ato pela democracia na avenida Paulista - Marlene Bargamo - 31.mai.2020/Folhapress

Ela comentou na TV, como se fosse verdadeiro, um vídeo falso sobre uma suposta conversa (que não existiu) entre as ótimas jornalistas Fabíola Cidral (UOL) e Vera Magalhães (TV Cultura) durante o debate organizado pela Folha, UOL, Rede Bandeirantes e TV Cultura.

A edição maliciosa visava desmerecer Vera, que havia sido atacada por Bolsonaro. No vídeo verdadeiro, porém, Fabíola narrava um diálogo que havia tido com a candidata Simone Tebet (MDB).

Ana Paula diz que se corrigiu no ar, mas é grave que ela continue a divulgar informações distorcidas.

No ano passado, escrevi um texto sobre ela no Globoesporte. Ana Paula pediu direito de resposta e levou. Depois de mais de um ano, processou a Globo e a mim por danos morais, pedindo uma indenização de R$ 50 mil de cada.

Já perdeu em primeira instância e ainda tomou uma dura da juíza. Em sua decisão, a magistrada escreveu que eu usei a minha liberdade de expressão no texto, enquanto ela, sim, chegou a me atacar no campo pessoal.

Não satisfeita, Ana Paula chamou a decisão de "sentença ideológica". Não passa pela cabeça dela a percepção de que as suas acusações não têm fundamento.

O comportamento é igual ao do seu líder "brochável", que há mais de um ano já tem uma desculpa para a possível derrota nas eleições, alimentando falsas suspeitas de fraudes sobre as urnas eletrônicas.

Vamos seguir no mesmo esporte, o voleibol.

Como desenho animado e histórias em quadrinhos estão incomodando os homofóbicos de plantão, né?
Depois de Maurício Souza (que cansou de fazer publicações homofóbicas e fake news, inclusive contra mim) se sentir ofendido pelo beijo gay do filho do Superman, chegou a vez de Tandara se rebelar contra o "perigoso" desenho da personagem Peppa Pig.

Ela aconselha os pais a não permitirem que os filhos assistam à animação por haver ali um casal de mulheres como pais.

Tandara fez mais: revelou ser contra a participação de jogadoras trans nas competições femininas, mesmo tendo jogado com a ótima Tiffani.

E quando ela diz que o desenho mostra uma "inversão de valores" para a nossa sociedade, convém corrigir: na verdade, inversão de valores é demonstrar preconceito, homofobia e dar cartaz para fake news. Essas coisas, sim, atrapalham o desenvolvimento da sociedade.

Preciso parabenizar as jogadoras que se manifestaram logo em seguida. Carol Gattaz e Gabi Guimarães protestaram contra essa declaração homofóbica. Fabi e Sheila Castro fizeram coro.

Essa manifestação é uma aula para o futebol, onde estão acontecendo vários casos de racismo, inclusive entre jogadores, e (quase) ninguém fala nada.

Gostaria muito que mais esportistas não conservadores se manifestassem porque é muito importante a voz deles.

A perversidade do mundo "brochável"

Vimos há poucos dias um eleitor do "presidente brochável" dizer que não dará mais marmita a uma senhora, dona Ilza, que depende de doações, após ela afirmar que votará em Lula.

A diferença de personalidade é gritante. O empresário Cássio Cenali falou que era bolsonarista e ela, na cara dele, disse votaria no Lula.

O vídeo viralizou e ele se desculpou, dizendo-se arrependido, mas só depois que uma grande onda de solidariedade se formou em torno de dona Ilza.

Valores e princípios não se compram.

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