Alguns representantes do esporte conservador e seus comportamentos são assustadores pela falta de respeito e ética, pela ausência de comprometimento com a verdade, pelo preconceito ou pela violência.
De uns tempos para cá, e não é coincidência que seja desde que Jair Bolsonaro virou presidente, esportistas que nunca abriram a boca para nada passaram a se sentir seguros para escancarar suas verdadeiras faces, graças ao aval do "brochável".
"Capitã" dos representantes conservadores do esporte, Ana Paula Henkel, além demonstrar apoio a figuras violentas como Daniel Silveira, continua espalhando fake news.
Ela comentou na TV, como se fosse verdadeiro, um vídeo falso sobre uma suposta conversa (que não existiu) entre as ótimas jornalistas Fabíola Cidral (UOL) e Vera Magalhães (TV Cultura) durante o debate organizado pela Folha, UOL, Rede Bandeirantes e TV Cultura.
A edição maliciosa visava desmerecer Vera, que havia sido atacada por Bolsonaro. No vídeo verdadeiro, porém, Fabíola narrava um diálogo que havia tido com a candidata Simone Tebet (MDB).
Ana Paula diz que se corrigiu no ar, mas é grave que ela continue a divulgar informações distorcidas.
No ano passado, escrevi um texto sobre ela no Globoesporte. Ana Paula pediu direito de resposta e levou. Depois de mais de um ano, processou a Globo e a mim por danos morais, pedindo uma indenização de R$ 50 mil de cada.
Já perdeu em primeira instância e ainda tomou uma dura da juíza. Em sua decisão, a magistrada escreveu que eu usei a minha liberdade de expressão no texto, enquanto ela, sim, chegou a me atacar no campo pessoal.
Não satisfeita, Ana Paula chamou a decisão de "sentença ideológica". Não passa pela cabeça dela a percepção de que as suas acusações não têm fundamento.
O comportamento é igual ao do seu líder "brochável", que há mais de um ano já tem uma desculpa para a possível derrota nas eleições, alimentando falsas suspeitas de fraudes sobre as urnas eletrônicas.
Vamos seguir no mesmo esporte, o voleibol.
Como desenho animado e histórias em quadrinhos estão incomodando os homofóbicos de plantão, né?
Depois de Maurício Souza (que cansou de fazer publicações homofóbicas e fake news, inclusive contra mim) se sentir ofendido pelo beijo gay do filho do Superman, chegou a vez de Tandara se rebelar contra o "perigoso" desenho da personagem Peppa Pig.
Ela aconselha os pais a não permitirem que os filhos assistam à animação por haver ali um casal de mulheres como pais.
Tandara fez mais: revelou ser contra a participação de jogadoras trans nas competições femininas, mesmo tendo jogado com a ótima Tiffani.
E quando ela diz que o desenho mostra uma "inversão de valores" para a nossa sociedade, convém corrigir: na verdade, inversão de valores é demonstrar preconceito, homofobia e dar cartaz para fake news. Essas coisas, sim, atrapalham o desenvolvimento da sociedade.
Preciso parabenizar as jogadoras que se manifestaram logo em seguida. Carol Gattaz e Gabi Guimarães protestaram contra essa declaração homofóbica. Fabi e Sheila Castro fizeram coro.
Essa manifestação é uma aula para o futebol, onde estão acontecendo vários casos de racismo, inclusive entre jogadores, e (quase) ninguém fala nada.
Gostaria muito que mais esportistas não conservadores se manifestassem porque é muito importante a voz deles.
A perversidade do mundo "brochável"
Vimos há poucos dias um eleitor do "presidente brochável" dizer que não dará mais marmita a uma senhora, dona Ilza, que depende de doações, após ela afirmar que votará em Lula.
A diferença de personalidade é gritante. O empresário Cássio Cenali falou que era bolsonarista e ela, na cara dele, disse votaria no Lula.
O vídeo viralizou e ele se desculpou, dizendo-se arrependido, mas só depois que uma grande onda de solidariedade se formou em torno de dona Ilza.
Valores e princípios não se compram.
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