Governador de SP troca comandante da PM, mas deve manter secretário

Márcio França (PSB) escolhe coronel que chefiou cavalaria do Batalhão de Choque

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O novo comandante da PM, coronel Vieira Salles, 51
O novo comandante da PM, coronel Vieira Salles, 51 - Divulgação
São Paulo

Em mais uma mudança na cúpula da segurança pública de São Paulo, o novo governador, Márcio França (PSB), decidiu substituir o comando da Polícia Militar. O anúncio da troca deve ser feito no início da próxima semana.

Comandante-geral desde fevereiro do ano passado, Nivaldo Restivo, 53, deve dar lugar ao também coronel Marcelo Viera Salles, 51, atual responsável pelo policiamento ostensivo na zona oeste da capital.

O secretário da Segurança, Mágino Alves Barbosa Filho, deve permanecer no cargo —embora enfraquecido. O coronel Restivo é homem de confiança de Mágino, e a mudança é vista como uma ingerência desnecessária do novo governador em sua pasta.

Em geral, pela tradição do estado, a escolha dos nomes de comandantes das três polícias cabe ao secretário da Segurança —até em razão da política que ele pretende imprimir em sua gestão.

Um termômetro da predileção de Mágino por Restivo foi a alteração de uma lei estadual que passou a permitir que o comandante-geral da PM fosse mantido no cargo até o final do governo Alckmin/França, em dezembro próximo.

Pelas regras anteriores, o coronel deveria ter deixado o comando-geral em fevereiro deste ano, quando completou cinco anos de coronelato. Como deve deixar o cargo nesta semana, ficará só dois meses além do previsto antes.

Essa é a segunda mudança na segurança desde o início do mês, quando França assumiu o governo paulista em substituição a Geraldo Alckmin (PSDB), que deixou o Palácio dos Bandeirantes para disputar as eleições a presidente.

A primeira baixa havia sido o chefe da Polícia Civil de São Paulo, Youssef Abou Chahin, que pediu demissão do cargo e, em carta de despedida, mandou um recado indireto ao governador na qual aconselha aqueles que querem interferir na instituição a prestarem concurso para delegado.

Logo que assumiu o cargo, França cogitou uma mudança drástica na organização das polícias paulistas, com maior separação entre Militar e Civil. A primeira continuaria atrelada à pasta da Segurança Pública, enquanto a segunda iria para a da Justiça. 

A ideia era defendida por entidades de delegados, mas foi congelada pelo governador após resistência interna e de órgãos da sociedade civil. Agora avalia-se a construção de um projeto de lei sobre o tema a ser enviado para a Assembleia Legislativa.

Nessa reforma pretendida por França, conhecida neste mês e que seria feita por meio de um simples decreto, era o próprio coronel Restivo o principal nome cotado para assumir a pasta da Segurança.

Agora, o nome dele é estudado para ocupar algum cargo no governo. O coronel Salles, seu substituto, é visto como um policial capacitado, com respeito na tropa e não deve romper com o trabalho desenvolvido pelo antecessor. 

Até porque Restivo e Salles têm bom relacionamento na corporação e já trabalharam juntos no Batalhão de Choque, onde Salles comandava o grupamento de cavalaria.

Antes de assumir tal posto, o aspirante ao comando-geral trabalhou por anos na Casa Militar, no Palácio dos Bandeirantes, onde teve contatos diretos com Alckmin e França —daí, acredita-se, a origem da confiança do governador.

Salles irá assumir o cargo no momento de estabilidade na estatísticas criminais, em especial na taxa de homicídios (a mais baixa do país), mas com casos pontuais de violência de ampla repercussão, como arrastões e megaassaltos.

Uma das maiores preocupações do governo tem sido os roubos de carga que bateram recorde em 2017, com mais de 10.000 crimes registrados no estado. Este problema tem afetado até distribuição de produtos pelos Correios, em especial na periferia.

O novo comandante também assumirá uma tropa descontente com a política salarial. Neste ano, os PMs tiveram reajuste de apenas 4% depois de ficarem cerca de quatro anos sem nenhum aumento.

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