Uma mulher e uma menina de 4 anos caíram de um micro-ônibus, que abriu as portas ainda em movimento, na semana passada, na Vila Matilde, zona leste de São Paulo. A queda foi gravada pela câmera de segurança de uma loja.

As imagens mostram que o veículo, que faz a linha 342-C (Jardim Marília-Penha), abriu as portas antes de parar em um ponto na rua Paranhos, na Vila Matilde.

Camila Trigo dos Santos, 21, que tem problemas neurológicos e sequelas na audição, estava apoiada na porta e caiu com a sobrinha de 4 anos. A jovem bateu a cabeça no asfalto e sofreu traumatismo craniano. A criança não se feriu.

Camila está internada em estado grave, segundo informação de familiares.

O motorista do micro-ônibus, de 35 anos, afirmou à polícia que não percebeu que Camila estava apoiada na porta porque o coletivo estava lotado.

O acidente aconteceu no último dia 4. As imagens que flagraram o acidente foram divulgadas na internet na quarta-feira (11), depois do depoimento do motorista.

“ANJO DA GUARDA”

Segundo resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) de 2013, todo ônibus deve ser equipado com o chamado “anjo da guarda”, sistema de bloqueio de portas que impede o movimento do veículo sem que as portas estejam totalmente fechadas. Segundo a regra, o dispositivo deve atuar em velocidades acima de 5 km/h.

“Quando ela sair do hospital, pensaremos no que fazer”, disse a mãe de Camila, Tâmara Carina Trigo dos Santos, 48, a respeito de acionar judicialmente a empresa responsável pelo ônibus, a viação Pêssego.

O caso foi registrado pela Polícia Civil como lesão corporal culposa (quando não há intenção de ferir).

RESPOSTA

O diretor de recursos humanos da viação Pêssego, Antônio Carlos da Silva, afirmou que a empresa realizou perícia no micro-ônibus e não localizou falhas mecânicas.

“Trata-se de falha humana”, afirmou o diretor. “O motorista foi afastado e será ouvido pelo departamento de disciplina. Dependendo do resultado da investigação interna, ele poderá ser desligado da empresa”, diz Silva.

Por meio de nota, a SPTrans (São Paulo Transportes), da gestão Bruno Covas (PSDB), afirmou que recolheu o micro-ônibus em questão para uma vistoria completa.