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Acidente com van escolar deixa 11 feridos e mata uma criança na Grande SP

Choque ocorreu em Carapicuíba; 16 viaturas dos bombeiros foram ao local 

Marina Estarque Dhiego Maia
São Paulo

Uma batida entre um caminhão e uma van escolar matou um menino de 10 anos e deixou ao menos outras 11 pessoas feridas no final da manhã desta sexta-feira (13), em Carapicuíba (Grande São Paulo). Doze vítimas foram atendidas pelo Corpo de Bombeiros, sendo nove crianças e três adultos. A maior parte dos atingidos ficou presa às ferragens.

Segundo a Polícia Militar, 17 pessoas estavam na van, sendo 15 crianças, o motorista e um ajudante. O veículo levava todas para a escola Dagmar Ribas Trindade, no Jardim Maria Cristina, na cidade vizinha de Barueri. Em nota, a direção da Fieb (Fundação Instituto de Educação de Barueri), ligada à prefeitura, disse que "se solidariza com os nossos alunos, pais, familiares e amigos pelo triste acontecimento nesta sexta-feira durante o trajeto para a escola."

Um menino de 13 anos teve politraumatismo e foi levado de helicóptero para o Hospital das Clínicas. No final da tarde, a unidade informou que ele estava internado em estado grave, mas não deu mais detalhes.

Às 12h deste sábado, a Secretaria Estadual da Saúde informou que, dos sete pacientes levados ao hospital geral de Carapicuíba, dois tiveram alta, quatro permaneciam estáveis (sendo três na UTI) e um menino de 10 anos havia morrido. Ainda segundo a pasta, dos três levados ao Hospital Regional de Osasco, dois adultos tiveram alta e uma criança permanece em estado grave.

Os bombeiros chegaram a informar no meio da tarde de sexta-feira (13) que cinco crianças tiveram traumatismo ou alguma contusão no crânio, além de outras fraturas. Ao todo, 16 equipes da corporação participaram da operação de socorro.

A técnica de radiologia, Edna Leal, 41, foi avisada do acidente com a sua filha, Ana Clara, 13. A menina teve uma fratura na tíbia e na fíbula, passou por operação e está na UTI.

“Ela está bem agora, está estável”, diz a mãe. Ao chegar no local, Edna conta que “pensou no pior”. “Vi muito sangue, e a minha filha estava na prancha, mas, graças a Deus, com ela foi um mal menor." Ela reclama das condições de segurança da região do acidente. “Aquele percurso tem muito declive e não tem sinalização, é muito perigoso”. 

Testemunhas relataram que o caminhão desceu uma via íngreme com problemas no freio e, em seguida, chocou-se com a van escolar, que rodou no próprio eixo. O caminhão atingiu ainda o muro de uma casa e destruiu um poste. De acordo a Prefeitura de Carapicuíba, a van era particular, estava regularizada e havia passado por vistoria há 15 dias. O motorista e seu ajudante também ficaram feridos.

Poucos segundos antes do acidente, Clara, 11, aguardava a van para ir à escola. “O tio buzinou, deu ré e abriu a porta para eu entrar.” Da porta do prédio, ela viu o caminhão atingir a van e foi puxada para dentro por uma vizinha.

“Ela viu tudo, ficou em estado de choque, bem nervosa. Estamos evitando de falar com ela sobre o que aconteceu”, diz a mãe, a gerente de loja Juliana Teodoro, 35. A vizinha telefonou para Juliana e a avisou do acidente. A mãe, preocupada, perguntava por notícias dos colegas de Clara. “São amiguinhos da van dela”.

TESTEMUNHA

O carro do eletricista José de Carlos de Vasconcelos, 56, foi atingido pelo caminhão antes do choque com a van. Ele descia a rua e, ao virar para a esquerda, na base da ladeira, sentiu o caminhão bateu na traseira do seu carro. “Acho que amorteceu um pouco, antes de atingir a van”, diz ele, que mora no bairro. José não ficou ferido e conseguiu parar o carro para tentar ajudar no socorro.

Segundo ele, o motorista teria dito que estava sem freio. “Ele disse que gritou, mas ninguém escutou. Um mês atrás um caminhão bateu em uma casa ali perto”, conta José. Ele afirma que os bombeiros demoraram cerca de vinte minutos para chegar. “Tinha criança para fora, ensanguentada. Algumas estavam desmaiadas, outras gritavam e choravam”. 

O delegado Pedro Buk, do 1º distrito policial de Carapicuíba, onde o caso será investigado, disse que os veículos foram apreendidos e a perícia técnica e mecânica, para averiguar qualquer problema no freio do caminhão, será realizada na segunda-feira (16).

Durante a noite, os dois motoristas —da van e do caminhão— prestaram depoimento. Segundo o delegado, o condutor da van admitiu estar parado em um local onde não era permitido. 

O motorista do caminhão ainda prestava depoimento, por volta de 21h30 da noite. De acordo com o delegado, os dois podem ser responsabilizados pelo acidente e tiveram suas carteiras de habilitação apreendidas.

A proprietária do caminhão, Andressa, 25, que não quis informar o sobrenome, disse que o veículo passou por manutenção há 15 dias e não tinha problemas técnicos. “Presto serviço para uma empresa de transporte, eu que contratei o motorista.”

CASA ATINGIDA 

Além de atingir a van, o caminhão também bateu contra o muro de uma casa, destruindo o portão, parte do teto e uma viga. O dono do imóvel, o eletricista Eduardo Soares, 45, estava chegando ao local quando houve o acidente.

Seu filho, Daniel, 14, estava em casa e chamou os bombeiros. “Eu estava almoçando para ir para a escola, quando ouvi o barulho. Saí pela casa da vizinha porque fiquei com medo de a minha desabar”, conta ele. O menino disse que ficou assustado e chamou os bombeiros. 

Seu vizinho, o vigilante Vagner, de 41 anos, ajudou a resgatar as crianças da van. Ele não quis dar o seu sobrenome. “Tentamos acalmar as crianças, que estavam desesperadas, e colocamos deitadinhas no chão”, afirma.

 
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