Descrição de chapéu violência

Temer mantém silêncio sobre crise de segurança e onda de mortes no Pará

Na terça-feira, 21 pessoas morreram em uma tentativa de fuga de presídio

Gustavo Uribe
Brasília

O presidente Michel Temer manteve silêncio público e não se pronunciou oficialmente até agora sobre a onda de assassinatos em Belém, que vitimou 33 pessoas desde segunda-feira (09).

A demora não se verificou, por exemplo, no ataque terrorista a uma boate em Orlando, em 2016, e na morte do ex-presidente português Mário Soares, em 2017. Ele lamentou no mesmo dia os episódios.

Na segunda-feira (9), 12 pessoas foram assassinadas em um intervalo de cinco horas entre a tarde e o início da noite em Belém e região metropolitana.

No dia seguinte, 21 pessoas morreram durante uma tentativa de fuga em massa de um presídio superlotado do Pará. Do total, 15 presos, 5 criminosos e um agente penitenciário.

Não é a primeira vez que Temer demora para lamentar um massacre em presídio no país. Sob pressão da opinião pública, ele levou três dias para se pronunciar sobre a morte de 56 pessoas, no início do ano passado, em uma penitenciária no Amazonas. 

Na época, ele chamou as mortes de um "acidente pavoroso" e se solidarizou com as famílias dos presos assassinados.  A utilização da palavra "acidente" para a chacina foi criticada.

Na noite desta quarta, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, colocou a Força Nacional e a Polícia Federal à disposição do governador do Pará, Simão Jatene. O ministro falou com o governador pelo telefone após se reunir com Temer.

PLANO

A tentativa de fuga em massa na tarde desta terça -feira (10) contou com presos armados com fuzil e explosivos. 

Segundo a Folha apurou, o plano vinha sendo organizado pelos presos havia pelo menos dois meses, mas nada havia sido percebido pelas equipes de segurança. Até por isso, os PMs que agiram no enfrentamento eram apenas da vigilância das muralhas.

Uma explosão no interior do complexo penitenciário de Santa Izabel do Pará foi o sinal para a ação, com o apoio de criminosos do lado externo também armados com fuzis.

Dos mortos, são 15 presos, 5 criminosos que pretendiam resgatá-los e um agente prisional —outros quatros agentes ficaram feridos, sendo um deles em estado grave.

O complexo penitenciário é dominado pela facção criminosa Comando Vermelho. O local tem capacidade para 432 detentos, mas abriga 660, em condições definidas como “péssimas”, segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que divulgou um relatório em fevereiro deste ano dizendo que as fugas em massa eram recorrentes, apontando uma série de fragilidades e cobrando providências.

O órgão solicitava a construção urgente de uma muralha para isolamento da unidade e pedia uma solução para a “profunda superlotação”. A muralha pedida pelo CNJ era justamente para evitar “a facilidade do resgate realizado com apoio externo”, situação classificada como “alarmante, insustentável e recorrente”, de acordo com os termos utilizados no relatório.

O conselho também dizia que objetos ilícitos, como armas, eram constantemente arremessados para dentro da prisão —situação que a muralha poderia dificultar.

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