Descrição de chapéu greve dos caminhoneiros

Véspera de feriado em SP é de corrida aos postos e ciclovias cheias; veja

Sem gasolina, trânsito na cidade despencou; ônibus também foram reduzidos

São Paulo

Pegar a estrada vai ser mais difícil nesta véspera do feriado do Corpus Christi. A capital paulista já tem 25% de seus postos com combustível e uma corrida de consumidores aos postos. Veja, a seguir, como deve ser o dia em São Paulo nesta quarta-feira (30).

FERIADO

A expectativa é de que o trânsito nas rodovias de SP seja bem menor que em feriados passados. Mas desta vez as concessionárias não conseguem estimar o tamanho do tráfego e quais horários serão mais congestionados, já que a atual crise de abastecimento não tem precedente recente.

Segundo a Abav-SP (Associação Brasileira de Agências de Viagens), os cancelamentos de pacotes de viagens no período são de 5% a 10% maiores neste feriado do que em períodos anteriores.

Há problema também na operação de bares e restaurantes, o que reflete em queda no faturamento. As dificuldades, segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de São Paulo, são de locomoção dos funcionários, entregas de pedidos e desabastecimento de alimentos.

POSTOS

No total, 500 dos 2.000 postos de gasolina da cidade foram reabastecidos até o final da manhã desta quarta-feira (30), diz o Sincopetro (sindicato do setor). A expectativa é de que mais postos tenham combustível, mas as filas devem ser longas pela corrida da população a esses estabelecimentos. O consumidor deve ficar atento a preços abusivos e possibilidade de o combustível ser adulterado —esses casos devem ser denunciados ao Procon.

TRANSPORTE

Entre 60% e 70% da frota de ônibus municipais circula nesta quarta. As linhas noturnas estão autorizadas a operar com 50% da sua capacidade. 

O Metrô e a CPTM (trens) funcionarão com horário estendido, das 4h à 1h do dia seguinte (não fecha mais à meia-noite, como de costume). A exceção é a linha 13-jade da CPTM, que liga a capital à Guarulhos e funciona em operação assistida das 10h às 15h. CPTM e o Metrô operam com 100% da frota de trens inclusive nos horários de menor fluxo.

O rodízio de carros está suspenso até sexta-feira (1º). As restrições à circulação de caminhões, também, até 3 de junho. Os agentes de trânsito não multarão motoristas que tiverem pane seca.

Com postos em reabastecimento, a tendência é que fique mais fácil pegar corridas em aplicativos de transporte, mas os preços ainda devem estar altos. Nos últimos dias, as tarifas chegavam a ser 2,5 vezes mais caras.

O congestionamento na cidade deve ser mínimo, assim como nos dias anteriores. O trânsito vem caindo exponencialmente com o desabastecimento. No dia 14 de maio, às 9h30, havia 120 km de vias congestionadas na cidade. No dia 28, apenas 9 km. No dia 29, nenhum quilômetro.

Houve aumento no uso de bicicletas da cidade. Há dois contadores da prefeitura, nas ciclovias da Faria Lima e da Vergueiro. Houve aumento de 58% e 55%, respectivamente, em cada uma delas nesta segunda (28) em comparação com a segunda-feira anterior, quando a paralisação não afetava o abastecimento da cidade. O Bike Sampa, maior sistema da cidade de compartilhamento de bicicletas, registrou aumento de 34% de viagens entre 21 e 27 de maio na comparação com a semana anterior (14 a 20 de maio).

ALIMENTAÇÃO

Houve queda de 80% no abastecimento de produtos perecíveis em supermercados, segundo a Apas (Associação Paulista de Supermercados). Produtos não perecíveis estão armazenados em estoque em quantidade suficiente para cerca de 10 dias. Carnes, frios, leite e derivados, além de frutas, verduras e legumes são os itens mais problemáticos. Hipermercados, que têm estoque maior, estão mais abastecidos que mercados menores.

O Ceagesp opera com 10% do volume normal de mercadorias. Para auxiliar no processo de normalização, todos os portões do entreposto ficarão abertos por 24h para os procedimentos de carga e descarga. Normalmente, chega diariamente ao Ceagesp entre 1.500 e 2.000 veículos carregados. Desde o início da paralisação, a média diária não passou de 200 veículos.

As feiras livres da cidade também foram reduzidas, de 120 para 32.

ESCOLAS

As aulas nas escolas paulistas municipais e estaduais estão mantidas, mas há absenteísmo de professores e alunos —na rede municipal, o índice de comparecimento de docentes foi de 91%, e o de estudantes, 52%. Os estoques de merenda foram reabastecidos.

Na rede privada, 103 escolas estão paralisadas por greve dos professores.

SAÚDE

As cirurgias eletivas na rede municipal voltarão a ocorrer normalmente normalizada nesta quarta (30). Na rede estadual, podem ser desmarcadas em algumas unidades para dar prioridade ao atendimento emergencial.

Nas UBS (Unidades Básicas de Saúde), os exames de rotina serão desmarcados. O Samu funciona regularmente.

Os hospitais estaduais continuam abertos, mas a prioridade também é para atendimento emergencial —há cirurgias eletivas desmarcadas em algumas unidades.

O armazenamento médio de sangue caiu 73% desde o início da paralisação, segundo a Fundação Pró-Sangue, em São Paulo. O estoque era de 1.500 bolsas e caiu para 400. Segundo a Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), há diminuição de estoques em todo o país. 

As fábricas de medicamentos também estão paradas, segundo o sindicato do setor. Nenhuma carga de medicamentos vinda de laboratórios farmacêuticos chegou ao destino.

LIXO E VARRIÇÃO

A coleta de lixo domiciliar e a varrição operam normalmente. A coleta hospitalar, a limpeza pós-feiras livres e o recolhimento de animais mortos continua a ocorrer, mas a coleta seletiva está suspensa.

Os Ecopontos serão reabertos nesta quarta. 

SERVIÇO FUNERÁRIO

O serviço funerário está garantido nesta quarta, mas só há autonomia de 24 horas, já que não há espaço para estocar combustível. A prefeitura diz que há estoque de urnas para abastecimento por 15 dias.

PONTO FACULTATIVO

A prefeitura pode e considera decretar ponto facultativo ou feriado municipal caso a crise de desabastecimento se agrave, mas é receosa quanto à medida, que tem forte impacto na arrecadação —em uma semana, o impacto nos cofres públicos foi de até R$ 150 milhões. 

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