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Aplicativo de Doria para táxis tem baixa adesão de passageiros e não decola

Desde o lançamento em abril, cada motorista fez em média três viagens

São Paulo

O aplicativo SPTaxi, lançado em abril pela Prefeitura de São Paulo, nos últimos dias de João Doria (PSDB) à frente da gestão, ainda não decolou. De 2 de abril até a última segunda (18), só 62.397 corridas de táxi foram feitas por meio dele. A prefeitura dizia que a plataforma tornaria os taxistas mais competitivos em relação ao Uber e demais aplicativos, oferecendo descontos de 10% a 40%.

Desde o início da operação, seis em cada dez taxistas da cidade se cadastraram no aplicativo —20.638 aderiram entre cerca de 34 mil motoristas de táxi da capital paulista. É como se, em média, cada um deles tivesse realizado três corridas por meio do SPTaxi nesse período todo.​

O número de passageiros cadastrados também é baixo —36.970, segundo a prefeitura. Em média, foram feitas 810 corridas pelo SPTaxi diariamente na capital desde abril. Como comparação, só o Uber realiza cerca de 2,6 milhões viagens diárias em todo o Brasil, segundo uma estimativa extraoficial.

Ao lançar o aplicativo pouco antes de deixar a prefeitura para concorrer ao governo estadual, Doria prometeu uma campanha de marketing para estimular o uso do SPTaxi, com propaganda em pontos de ônibus. Segundo taxistas, isso não ocorreu.

“Tenho reunião com o prefeito Bruno Covas [PSDB] e vou falar para ele desenvolver isso com mais propaganda”, diz o presidente do Sinditaxi (Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo), Natalício Bezerra.

Já o presidente do Simtetaxi (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores nas Empresas de Táxi de São Paulo), Antônio Matias, diz que o aplicativo é um sucesso, embora precise de ajustes e mais propaganda. “Além do marketing, é preciso ter voucher para os funcionários da prefeitura e de empresas.”

Taxistas que baixaram o SPTaxi criticam a falta de publicidade por parte da prefeitura, a dificuldade para entrar em contato com o passageiro e até mesmo a falta de um aviso mais perceptível quando algum usuário chama uma corrida.

“O problema é que toca uma ou duas vezes por dia, no máximo. Tem muito taxista cadastrado, mas falta divulgação para passageiros. Eles não sabem que existe o aplicativo”, diz Augustinho Mourão Cavalcanti, 52.

Para Aldonei Soglia, 45, o aviso de chamada para uma nova corrida é discreto e passa em branco. “Ele não abre a tela do celular quando está chamando. Fica escuro. Nesse intervalo, já tocou quatro vezes, a campainha é baixa e você não ouve”, afirma. Segundo ele, os passageiros aprovam. “Eles estão gostando por causa do desconto. Elogiam também a precisão do GPS”, diz Soglia.

A cabeleireira Deise Santos, 31, aprova o SPTaxi e afirma que vários colegas já estão usando. “Coloquei no meu celular porque, dependendo do horário, outros serviços não vão até a casa da minha mãe, na Vila Nova Cachoeirinha [zona norte]. O táxi vai até lá”, afirma.

Segundo Deise, o incômodo tem sido cobranças indevidas de baixo valor, de R$ 4,50, por corridas que não realizou. “Tem chegado email até de horários em que estou em casa. Achei isso estranho e questionei.”

A Prefeitura de São Paulo afirmou em nota que não há baixa adesão ao SPTaxi, mas “crescimento progressivo” no uso. A administração disse que, em abril, houve 521 corridas por dia e, em junho, até dia 18, 1.138.

A gestão afirmou que, em breve, será possível pagar via cartão de crédito direto no aplicativo. Nova versão permitirá a visualização do chamado mesmo com o celular em descanso. 

Disse também que atualização de 8 de junho já possibilita comunicação com o passageiro e aumenta o volume da chamada. Sobre a queixa da passageira, afirmou que não é possível que ela tenha sido cobrada, porque o cartão não é vinculado ao aplicativo.

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