O destino de Roque já parecia traçado quando assumiu o primeiro emprego, como sapateiro. Nascido no interior do Rio Grande do Sul e filho de pais agricultores, quem o visse na época não diria que o menino se tornaria conhecido no meio de produções cinematográficas —talvez só durante alguma das suas apresentações no grupo de teatro da igrejinha local.
Para chegar lá precisou deixar Dois Irmãos (RS), que nem sequer tinha um cinema próprio, e seguir para o incipiente Distrito Federal da década de 1980.
Tinha seus 20 e poucos anos e cresceu junto aos movimentos culturais brasilienses, que também engatinhavam na capital federal —de muito investimento e pouca demografia.
Foi do palhaço que aparecia de surpresa no aniversário da sobrinha até o ator que anotou no currículo mais de 30 longas-metragens, cem curtas e outros tantos comerciais e documentários, além do trabalho como dublê de Didi (Renato Aragão) no filme "Uma Escola Atrapalhada".
Era mais conhecido, no entanto, por sua atuação atrás das câmeras. Fazia de tudo: era técnico de audiovisual, eletricista e encabeçava produção de set. Atacava ainda de contrarregra e cenógrafo.
"O cinema foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida", disse Roque, certa vez. Além do amor pela sétima arte, era apaixonado por crianças. Adotou um filho e sonhava criar uma fundação para ajudar guris abandonados.
Com tantos anos de Centro-Oeste, Roque não perdeu o sotaque gaúcho e a mania de tomar chimarrão. Já Brasília perdeu, no dia 6 de junho, um de seus grandes artistas. Roque morreu aos 61 anos, após complicações de um câncer de próstata. Deixou a mãe, cinco irmãos e dois filhos.
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