Descrição de chapéu Obituário Ruy Barbosa Portilho Filho (1943 - 2018)

Mortes: Ruy Portilho, jornalista que chefiou denúncia do Riocentro

Foi mentor de esquema para publicar reportagens e coordenou Prêmio Esso

Paulo Gomes
São Paulo

Morreu nesta quarta-feira (13) o jornalista Ruy Portilho, aos 74.

Portilho ficou conhecido por chefiar a sucursal carioca do Estado de S. Paulo e do Jornal da Tarde nas décadas de 1970 e 1980, tendo como principais destaques a chefia da cobertura sobre o atentado ao Riocentro em 1981 e a reportagem sobre os 20 anos do BNH, que lhe renderia um Prêmio Esso de Jornalismo anos depois.

Durante 23 anos, foi também o coordenador da maior premiação do jornalismo brasileiro, de 1992 a 2015, quando o Esso teve sua última edição.

Ele estava com um câncer de pulmão e morreu em decorrência de uma pneumonia. Deixa os filhos Fernando, André e Maria, três netas e o irmão Creston.  ​

​​

O jornalista Ruy Portilho (1943-2018)
O jornalista Ruy Portilho (1943-2018) - Arquivo pessoal

Era 1981. O atentado do Riocentro mexe com o país e deixa os jornalistas fluminenses agitados com as possibilidades de revelar uma boa história.

Os da sucursal carioca de o Estado de S. Paulo e do Jornal da Tarde corriam atrás de algo exclusivo que lhes desse vantagem na cobertura dos diários locais. Enfrentavam, porém, a resistência do diretor da sucursal, Ayrton Baffa,  que segundo um dos integrantes daquela Redação, Domingos Meirelles, achava que os repórteres eram simpatizantes de grupos armados —​a quem o Exército atribuía a responsabilidade pelo atentado.

À época secretário de redação no Rio, Ruy Portilho teve uma ideia para furar o tom oficioso de Baffa. Os furos sobre o Riocentro não seriam enviados para São Paulo por telex, como os demais textos, mas por avião, dentro de um envelope.

“Ele foi o mentor”, conta Domingos. “Se mandasse por telex, [a história] jamais chegaria ao grande público.” A cobertura do caso por o Estadão contrariava a versão oficial e venceria o Prêmio Esso de Jornalismo.

Portilho ganhou ele mesmo o prestigioso prêmio em 1984, com a reportagem “Os 20 anos do BNH” e, a partir de 1992, foi o coordenador da premiação com a consultoria que fundou, a ​RP.

No começo de sua trajetória, o jornalista atuou em revistas da Editora Bloch, onde teve a oportunidade de entrevistar figuras culturais como Janis Joplin e Caetano Veloso, que acabaram por cativar o rapaz e fazer com que ele deixasse a carreira de direito para trás.

Portilho era reconhecido pelos seus pares como um profissional íntegro e amável. O filho Fernando relata que, nesta quinta (14), na cerimônia de cremação, o jornalista Maurício Menezes classificou como impossível ser um colega de trabalho de Ruy. "Quando se estava com ele, era um amigo."

Domingos Meirelles reforça o mesmo. “Era muito doce no trato com os colegas. Apesar de exercer cargos de chefia, era uma relação de igual para igual. Ele era um de nós.”
 


coluna.obituario@grupofolha.com.br

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missas​​​​​​​ 

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.