A polícia prendeu nesta sexta-feira (15) um suspeito de participar do desaparecimento da menina Vitória Gabrielly Guimarães Vaz, 12 anos, em Araçariguama (a 53 km de São Paulo). A Justiça decretou a prisão temporária do suspeito por cinco dias. A menina desapareceu no último dia 8, quando saiu de casa para andar de patins.

Vitória foi vista pela última vez em frente ao ginásio da cidade —uma câmera de segurança filmou a menina de patins, na rua.

Poucas horas mais tarde, ao saber que a menina não estava na casa de uma tia, a mãe iniciou as buscas e acionou a polícia. Segundo relato dos pais, Vitória nunca saía de casa sem antes avisá-los.

O caso ganhou repercussão nas redes sociais com a mobilização de familiares em busca de informações sobre Vitória.

Policiais, bombeiros e voluntários da comunidade fizeram buscas em diversos pontos nas proximidades da casa da garota, incluindo áreas de mata, mas nada foi encontrado.

O servente de pedreiro Julio Cesar Lima Ergesse, 24, se entregou à polícia logo depois de a Justiça decretar a prisão. Ele foi levado para uma penitenciária em Sorocaba (a 99 km da capital).

A polícia chegou até Ergesse após ele afirmar a um vizinho “que havia feito uma besteira”. O vizinho procurou a polícia na terça-feira e o denunciou. Na quinta (14), o servente foi levado para depor. Segundo o delegado seccional de Sorocaba, Marcelo Carriel, que conduz as investigações, Ergesse admitiu, em um primeiro momento, ter participado do desaparecimento da garota.

Depois, deu sete ou oito versões diferentes. Em uma delas, afirmou que, ao lado de um casal, em um carro preto, pegou Vitória. “Ele disse que o casal o deixou em Mairinque e não sabia o que ocorreu com a menina”, afirmou Carriel.

A polícia identificou um casal dono de um carro preto que estava na região onde Vitória desapareceu no mesmo dia. Eles foram levados para depor e negaram participação no sumiço. O veículo passou por perícia e nenhuma prova foi encontrada.

Segundo o advogado da família de Vitória, Roberto Guastelli Testasecca, o servente, em uma das versões, afirmou que a menina foi levada por engano. “O alvo dos criminosos era outra garota, com a mesma idade e nome da Vitória”, disse. Segundo essa versão, o objetivo dos criminosos seria pressionar a família de outra pessoa, que estaria devendo dinheiro para traficantes. Nesta sexta, as buscas foram interrompidas.

O vigilante Luís Alberto Vaz, 34, pai de Vitória, diz que a filha sonha em ser atriz de teatro. “Ela é uma boa aluna, dedicada aos estudos. É uma menina muito carinhosa e superapegada à mãe.”

Uma das amigas de Vitória, segundo ele, é uma garota de 9 anos. “Elas andaram de patins dois dias antes no mesmo lugar onde minha filha sumiu”, afirmou.

Segundo o pai, Vitória gosta de usar as redes sociais, inclusive para conversar com ele e com a mãe. Ele foi a última pessoa a falar com Vitória, por mensagem. A menina pediu dinheiro para ir a uma excursão, ocorrida na quinta. “Algumas crianças cancelaram. E as que foram disseram que o clima estava pesado. Mas tenho fé de que na próxima minha filha vai”, afirmou o vigilante.

A repercussão do caso mudou a rotina da pequena Araçariguama, cidade de cerca de 20 mil habitantes. Nos finais de tarde, dezenas de pessoas se aglomeram em frente à delegacia para se atualizar sobre as investigações.

É o caso da auxiliar de cozinha Jaqueline Silva, 23. Esta sexta foi o terceiro dia em que ela permaneceu em frente à delegacia. “Venho para dar força para a família. Hoje mesmo de manhã abracei a mãe da Vitória e choramos juntas”.

A reportagem também viu cartazes com a foto de Vitória e números de telefone anexados em carros. Um deles é do diretor operacional patrimonial Jairo Marques, 35.

Ele afirma ser amigo da família e diz que anexou a imagem da jovem em seu carro para ajudar a “cobrar as autoridades”. “A cidade toda está se mobilizando para que se tenham respostas sobre o desaparecimento da Vitória”.