Nascido Antônio Silvio, na escola era conhecido como Alan. Referência a Alain Delon, ator francês que causava suspiros nos anos 1970. Assim como ele, principalmente quando jogava handball.
À parte da pinta de esportista, o menino gostava mesmo era dos estudos. O filho de mãe dona de casa e pai segurança numa usina de cana-de-açúcar na zona da mata pernambucana tinha sede de aprender. Na família de 20 irmãos, por vezes faltava dinheiro para a passagem até o colégio. Pois o menino pegava carona na beira da estrada.
No fim da adolescência, se enveredou pelas artes cênicas. Aos 21, rumava à capital paulista para estudar teatro. Ao voltar para o Recife, já ator e conhecido como Silvio Pinto, decidiu cursar letras.
Se dividia entre os palcos e a sala de aula. Gostava de ensinar redação e teatro. Também militava no sindicato dos professores, e por onde passava parecia um vereador: todos o conheciam e falavam.
Talvez por isso fosse um grande formador de plateia. Silvio atuou em peças como "Cão Sem Plumas", com texto de João Cabral de Melo Neto, e "Obsessão", seu último espetáculo, em 2015. Participou ainda de curtas-metragens da cena pernambucana, como "My Way" e "O Presidente dos Estados Unidos", do cineasta Camilo Cavalcante.
Avesso aos tabus, assumiu grande parte da criação dos filhos, quando se separou da primeira esposa. No segundo casamento, outra vanguarda: embora juntos por 24 anos, viviam em casas separadas. Se chamavam de Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir, os filósofos e escritores franceses que viviam de forma semelhante.
Silvio morreu aos 56 anos no dia 11 de julho, após travar luta contra um câncer de estômago. Deixa 18 irmãos, os dois filhos, Davi e Ana Beatriz, a mulher, Ivna, e o neto.
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