Para receber em Minas Gerais a visita de uma autoridade internacional que só falava inglês, o então governador Juscelino Kubitschek resolveu pedir a ajuda de um amigo de longa data que era fluente no idioma.
Convidou o mineiro Affonso Heliodoro dos Santos, oficial da Força Pública--antigo nome dado à Polícia Militar--, para ficar uma semana como intérprete do visitante.
Coronel Affonso e Juscelino haviam se conhecido quando JK atuava como médico militar. Apesar de trilharem caminhos distintos, já que um deles migrou para a carreira política, a amizade foi mantida.
O reencontro profissional que deveria durar poucos dias, perdurou pela vida toda. O oficial foi convidado para compor a equipe de governo e virou um verdadeiro escudeiro de JK até a sua morte.
Não à toa, a trajetória de Affonso Heliodoro passou a ter ligação direta com fatos importantes da própria história do país. Ao lado de JK participou, por exemplo, de grandes projetos como o planejamento e a criação de Brasília. Foi chefe da Casa Militar e subchefe da Casa Civil do governo Juscelino, de quem também coordenou as campanhas eleitorais.
No pós-governo atuou como diretor do memorial que leva o nome do ex-presidente e foi responsável pelo Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal. Muito ativo, trabalhou até os 98 anos.
"Ele era uma homem muito íntegro. Tinha uma alegria de viver enorme. O que herdou de fato foi um nome limpo e lutou para manter isso a vida inteira", diz a filha Helena.
Último integrante vivo da equipe de JK, coronel Affonso morreu no dia 20 de outubro, por problemas cardíacos, aos 102 anos. Ele deixa três filhos, netos, bisnetos e um legado histórico, o qual conseguiu registrar em parte em livros que publicou em vida.
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