Descrição de chapéu Mobilidade urbana

Com bloqueio na marginal, São Paulo tem trânsito acima da média na volta do feriado

Capital registrou 153 km de congestionamentos na manhã desta quarta (21)

Thaiza Pauluze
São Paulo

A capital paulista teve 153 km de lentidão na manhã desta quarta-feira (21), primeiro dia útil de volta do feriadão após o bloqueio parcial da marginal Pinheiros. O trânsito ficou 25% acima do limite histórico.

A zona oeste, onde está a marginal, chegou a 41 km de trechos travados. Mas foi a zona sul que liderou o ranking, com 66 km de lentidão. 

Às 8h30, inclusive as vias orientadas pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) como alternativas para os motoristas estavam paradas, como as avenidas Washington Luís, 23 de Maio, Vereador José Diniz, Padre José Maria, Santo Amaro e Interlagos.

Técnicos da CET monitoram as condições do trânsito em SP nesta quarta-feira (21)
Técnicos da CET monitoram as condições do trânsito em SP nesta quarta-feira (21) - Thaiza Pauluze/Folhapress

Para o horário de pico da tarde desta quarta, a expectativa é de trânsito "mais difuso", de acordo com o secretário de Transportes, João Octaviano Machado. Já para os próximos dias, a previsão é que os paulistanos continuem encarando trânsito acima da média.

Até agora, só foram feitas 4 das 10 intervenções previstas para aumentar as ligações entre a marginal expressa e a local. O objetivo é evitar o efeito de afunilamento, segundo o prefeito Bruno Covas (PSDB). "Isso permitiu liberar 10 km dos 16 km bloqueados na marginal Pinheiros", afirmou na central de operações da CET. 

No início da próxima semana, a gestão pretende liberar mais 5 km do bloqueio na marginal.

Nesta manhã, no entanto, o "efeito funil" foi visto pela reportagem da Folha, que percorreu toda a marginal no sentido Castello Branco, a partir da ponte do Socorro, em Santo Amaro, até a chegada à marginal Tietê. O trajeto que demoraria cerca de 30 minutos levou 1h10.

Para tentar minimizar os efeitos no trânsito, a prefeitura vai se reunir ainda nesta quarta com os aplicativos de transporte compartilhados e representantes dos taxistas —que circulam pelos corredores de ônibus. O secretário de Transportes descartou a possibilidade de liberar a faixa exclusiva para todos os carros. 

Nesta terça (20), a prefeitura conseguiu localizar o engenheiro Roberto de Abreuque executou a obra do viaduto que cedeu dois metros no dia 15 de novembro, feriado da Proclamação da República. No mesmo dia, mandou um carro ir buscá-lo no Guarujá, no litoral sul do estado, onde ele passava o feriado com a família.

Covas, no entanto, afirma ainda não saber exatamente o que será feito e qual prazo de término das obras de recuperação do viaduto. Nem a gestão, nem o engenheiro têm o projeto da estrutura, projetada e construída na década de 1970.

Para evitar o colapso de outras vias sem manutenção na cidade, como a fenda de um metro que abriu na ponte do Limão (zona norte) nesta terça, Covas disse que pretende contratar emergencialmente empresas para fazer um laudo da estrutura das 185 pontes e viadutos paulistanos.

Segundo ele, há verba no caixa municipal para o estudo, mas também cogita ajuda estadual e federal.

“Se ficar um valor exorbitante, vamos buscar colaboração com o governo federal. Nós estamos falando da principal rota, da principal cidade, onde passa grande parte do PIB brasileiro. Tenho certeza que o governador Márcio França (PSB) e o presidente Michel Temer (MDB) não vão negar apoio a cidade de São Paulo”, afirmou.


FIQUE ATENTO

Interdição: parte da pista expressa da Pinheiros

Pistas liberadas: toda a pista local da marginal Pinheiros e trechos da expressa

Rodízio suspenso: no sentido Castello Branco, entre a av. dos Bandeirantes e a ponte dos Remédios

Rotas alternativas: av. Faria Lima, Pedroso de Morais, Prof. Fonseca Rodrigues e Doutor Gastão Vidigal

Trens da CPTM: circulação normalizada na linha 9-esmeralda

Causas da ruptura: ainda desconhecidas

Fim das obras: ainda sem nenhum prazo


COLAPSO

O viaduto que cedeu na marginal Pinheiros passa sobre os trilhos da linha 9-esmeralda da CPTM. O local é rota de acesso à rodovia Castello Branco e próximo ao shopping e ao parque Villa Lobos, a 500 m da ponte do Jaguaré.

As causas da ruptura, que criou um "degrau” de cerca de dois metros na pista, seguem desconhecidas e, como há risco de colapso da estrutura, a prefeitura tem pressa para içá-la. 

Por causa da queda do viaduto, a prefeitura decidiu interditar diferentes pontos da pista expressa da marginal Pinheiros, no sentido Castello Branco, entre as pontes Transamérica e do Jaguaré, sob argumento de que a interdição de um trecho curto provocaria afunilamento.

O rodízio de veículos também foi suspenso por tempo indeterminado no trecho da marginal Pinheiros, sentido Castello Branco, entre a av. dos Bandeirantes e a ponte dos Remédios. A marginal Pinheiros é a segunda via mais movimentada de São Paulo, atrás apenas da Tietê, e liga a cidade a diferentes rodovias e avenidas.

Em apenas uma hora, no pico de tráfego, 13 mil veículos passam pelas oito faixas da marginal, incluindo a pista local. Cinco dessas faixas estão agora interditadas. Em um dia comum, trafegam 450 mil veículos nos dois sentidos da marginal Pinheiros. As áreas mais atingidas dentro dos bairros são as vias da zona oeste, entre a marginal Pinheiros e o centro.

Um esquema especial orienta o trânsito nos eixos das avenidas Faria Lima, Pedroso de Morais, Professor Fonseca Rodrigues e a Doutor Gastão Vidigal. Essas avenidas servem de alternativas à interdição da pista expressa na marginal —na Pinheiros, somente a via local segue liberada para veículos. A prefeitura também orienta que os motoristas vindos das rodovias Anchieta, Imigrantes e Régis Bittencourt peguem o Rodoanel e a rodovia Castello Branco até alcançar a marginal Tietê. Outras opções para quem sai do litoral são as avenidas do Estado e Salim Farah Maluf.

MANUTENÇÃO

Neste ano, a gestão Bruno Covas (PSDB) gastou apenas 5,3% do valor previsto para recuperação e reforço de pontes e viadutos em São Paulo. A administração municipal reservou R$ 44,7 milhões para recuperação e reforço de viadutos e pontes no Orçamento deste ano. No entanto, a menos de um mês e meio do final do ano, gastou até agora apenas R$ 2,4 milhões.

A Prefeitura de São Paulo é alvo de cobranças há mais de uma década para reformar pontes e viadutos que requerem manutenção preventiva e reparos. A situação se arrasta por pelo menos quatro prefeitos  —Gilberto Kassab (PSD), de 2006 a 2012, Fernando Haddad (PT), de 2013 a 2016, João Doria (PSDB), de 2017 a abril de 2018, e Bruno Covas (PSDB)— sem que uma ampla ação efetiva tenha sido realizada.

Segundo o Ministério Público, a maioria das pontes e viadutos da cidade foram erguidos entre as décadas de 1960 e 1970 e, desde lá, não passaram por manutenção adequada nem receberam atenção de prevenção a contento. A falta de atenção rotineira às instalações também acabou por inflar os valores das obras.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.