Nos últimos 26 anos, o sobrenome italiano “Rizzo” foi adaptado ao latim três vezes para batizar três plantas do Cerrado: Tassadia rizzoania Fontella, Pilosocereus rizzoianus e Lophophytum rizzoi. Respectivamente, uma trepadeira, um cacto e uma planta que cresce perto de raízes de outras.
Tudo por ser o nome do professor emérito da Universidade Federal de Goiás, José Ângelo Rizzo. Uma das maiores referências em pesquisas sobre a flora local, Rizzo ainda batizou uma reserva dentro da Serra Dourada, a 146 km de Goiânia, e o herbário da UFG.
O nome das plantas, porém, é o que representa melhor uma vida de alguém que foi “mistura de árvore e gente”, como diz o título de sua biografia. O professor, nascido em Goiás Velho, atual Cidade de Goiás, local histórico reconhecido pela Unesco, dedicou mais de cinco décadas a registrar e proteger as plantas que cresciam na sua terra.
Rizzo foi o coordenador dos cerca de 50 volumes da série sobre a flora do estado de Goiás e quem teve a ideia de coletas e áreas de preservação para proteger espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, entre eles o Jardim Botânico de Goiânia.
“Essa região significava a vida dele”, diz a colega, professora Vera Klein. “Era uma pessoa correta, exigente, cobrava rapidez com as publicações”. A fama de professor rígido e metódico sempre o precedeu.
No dia 10 de novembro, o professor morreu por uma infecção pulmonar, aos 87 anos. Deixou seis filhos, netos, a esposa Lúcia e um legado para Goiás. “Ele falava muito sobre trabalho, mesmo em casa. A gente brincava que a universidade era a primeira casa dele”, conta a filha Jaqueline. “Era uma pessoa maravilhosa, dedicado e muito focado”.
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