Descrição de chapéu Obituário IRECÊ DE AZEVEDO MARQUES TRENCH (1931 - 2018)

Mortes: Advogado por quatro décadas, era bacharel da poesia

Formou-se em direito na USP na mesma turma de Márcio Thomaz Bastos e Yves Gandra Martins

Thaiza Pauluze
São Paulo

Irecê Trench se dividia entre a rotina dos tribunais, audiências e bancas de advocacia, na espartana capital paulista, e o bucólico passar das horas na sua chácara em Tietê, cidade no interior do estado.

Era para onde o advogado, sócio de um dos mais renomados escritórios do país, fugia sempre que tinha uma folga. Lá, ele encontrava inspiração para escrever suas poesias e os vários artigos —sendo inclusive convidado para contribuir com o jornal local, o Nossa Folha.

Entre um verso e outro, assava pizzas no forno à lenha. Se perguntassem "quer ir para a Europa ou para Tietê?", sem dúvidas ele responderia a segunda opção, conta a sua mulher, Neyde. 

Irecê e Neyde Trench em almoço com advogados - Zanone Fraissat/Folhapress

Os dois se conheceram na época em que o jovem Irecê, caçula de três irmãos, saiu da interiorana Botucatu rumo à capital para estudar direito. Tímido e amante da literatura, tornou-se grande orador ao longo da graduação. Formou-se na Universidade de São Paulo em 1958, na turma 127, a mesma do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos e do jurista Yves Gandra da Silva Martins.

Do primeiro estágio num grande escritório, o Pinheiro Neto, Irecê passou pela área de direito tributário da Secretaria Estadual da Fazenda de São Paulo, até fundar, como sócio, o Trench Rossi Watanabe —que hoje emprega mais de 250 advogados em vários estados. 

O auge da carreira de quase quatro décadas não mudou a verve prestativa de Irecê. Ele acreditava na potencialidade dos jovens e os encorajava. 

Mesmo aposentado, não perdeu o pique. Em 2013, lá estava ele e a mulher na festa de formandos daquela turma de 1958 da Faculdade de Direito da USP. Também pintava quadros, marcava presença na igreja presbiteriana e era costumeiro nos concertos de ópera da Sala São Paulo. 

Há nove meses, Irecê estava hospitalizado no Hospital Albert Einstein, onde ganhou o apelido de lorde, tamanha cordialidade. As complicações de um câncer na bexiga fizeram o advogado dar o último adeus na madrugada desta quarta-feira (19), aos 87 anos. Deixou esposa, Neyde Fabra de Azevedo Trench, o filho, Eduardo, e três netos.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missas​​

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.