No século 18, os tropeiros que passavam pelo sudeste de Santa Catarina encaravam uma trilha de subidas íngremes, curvas, morros e cachoeiras, no meio da mata atlântica. Era a sinuosa Serra do Rio do Rastro. O trajeto só virou estrada nos anos 1950, para acomodar os carros que ali passavam. E, ainda assim, de chão batido.
A rota estava longe de ser segura. José Leão Dutra havia se formado havia pouco em engenharia civil, em Curitiba, quando chegou à região. Mineiro, nascido em Itaverava (a 102 km de BH), ele se mudou para São Joaquim (a 156 km de Florianópolis) quando se casou com Eda.
Durante anos, como funcionário do Departamento de Estradas e Rodagens de SC, foi um dos encarregados pela manutenção e retirada das inúmeras barreiras que caíam na estrada do Rastro. Tudo isso anos antes de ela ser pavimentada ou eleita a mais "assombrosa" do mundo, como disse um site espanhol, em 2012.
Em São Joaquim, porém, o nome de Leão está ligado à criação do time de futebol da cidade. Até o estádio municipal foi batizado em sua homenagem.
Depois de ficar viúvo, ele conheceu Valmíria, com quem se casou em 1981. Já aposentado, Leão também passou a trabalhar para recuperar uma casa que fora dos pais, no interior de Minas Gerais. A vida dos dois se dividiu então entre o estado e SC.
Em 23 de novembro, aos 92 anos, Leão morreu de insuficiência cardíaca. Além da mulher, deixou quatro filhos, quatro netos e três bisnetos.
"Ele foi uma pessoa muito exigente, perfeccionista, de gênio forte. Foi muito bom para mim, um pai que deu muito apoio aos filhos", diz a esposa.
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